A produção industrial do Brasil cresceu 0,1% de maio para junho. É o primeiro avanço após dois meses seguidos de queda de 0,6%. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (1º) pela Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Somando o resultado de junho, a indústria acumula expansão de 1,2% em 2025 e de 2,4% no acumulado de 12 meses. Na comparação com junho de 2024 é negativa em 1,3%.
O IBGE informou que a produção industrial se encontra 2% acima do patamar pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020), no entanto, 15,1% abaixo do ponto mais alto já registrado, em maio de 2011, disse a Agência Brasil.
A média móvel trimestral (que fornece um retrato da tendência de comportamento da indústria) tem queda de 0,4% na comparação do trimestre encerrado em junho ante o terminado em maio de 2025.
Juros e incertezas freiam o crescimento
O gerente da pesquisa, André Macedo, apontou que no primeiro trimestre de 2025, o nível da produção industrial subiu apenas 0,6% em relação ao final de 2024. Na visão dele, há uma queda de ritmo provocada pela política de juros altos do Banco Central (BC), para frear a inflação.
“Isso guarda relação importante com a política monetária mais restritiva, aumento de taxa de juros”, disse. “Fica evidente pela menor intensidade que a produção mostra nos meses mais recentes”, complementa Macedo.
Desde setembro 2024, a Selic, taxa básica de juros determinada pelo BC, está em trajetória de alta. Nesta quarta-feira (30), o Copom votou por manter a taxa em 15%. O juro alto é um “remédio” do BC para esfriar a economia e tentar controlar a inflação. Em junho, a inflação oficial alcançou 5,35% em 12 meses, acima do teto da meta do governo (4,5%).
Macedo também avaliou que incertezas causadas pelo cenário internacional, como o tarifaço de produtos importados pelos Estados Unidos, também tiveram reflexos negativos na produção industrial.
“Fato é que atrapalha o planejamento das empresas do setor industrial”, explicou. O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto executivo que oficializa a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
Atividades pesquisadas
Das 25 atividades industriais pesquisadas, 17 tiveram alta na passagem de maio para junho. Essa difusão é a mais espalhada desde junho de 2024, quando foram 22 atividades com taxas positivas.
“Esse maior espalhamento está muito direcionado a perdas de meses anteriores”, pondera o gerente do IBGE. “Não estou dizendo que há trajetória de crescimento do setor industrial”, completa.
A atividade com maior impacto positivo foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias, com expansão de 2,4%. Outros destaques positivos foram:
– metalurgia (1,4%)
– celulose, papel e produtos de papel (1,6%)
– produtos de borracha e de material plástico (1,4%)
– outros equipamentos de transporte (3,2%)
– produtos químicos (0,6%)
– produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,7%)
– impressão e reprodução de gravações (6,6%).
Os principais impactos negativos vieram de:
– indústrias extrativas ( 9-1,9%)
– produtos alimentícios (-1,9%)
– coque (combustível derivado do carvão), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,3%)
Essas três atividades representam cerca de 45% do total da indústria.
A queda nos produtos alimentícios foi a quarta consecutiva na comparação entre meses imediatamente seguidos.
Entre as chamadas grandes categorias econômicas, bens de capital (1,2%) e bens de consumo duráveis (0,2%) tiveram taxas positivas em junho ante maio. Na contramão, bens de consumo semi e não duráveis recuaram (-1,2%) e os bens intermediários (produtos que serão ainda transformados por outras indústrias) caíram (-0,1%).