O setor madeireiro registrou cerca de 4 mil demissões desde o início das tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, disse a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) em nota. Segundo eles, cerca de 5,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas e 1,1 mil em layoff.
A associação também estima que, caso a situação tarifária persista, seja perdidos 4,5 mil novos postos de trabalho nos próximos dois meses.
“Esse resultado reflete a retração do mercado, que começou em julho com o cancelamento de contratos e embarques. Desde então, houve redução, também, no fechamento de novos contratos devido à imprevisibilidade tarifária gerada após o anúncio da taxação”, escreveu a associação
A Abimci também apontou quedas nas exportações de agosto em comparação com o mês de julho, que foram de 35% a 50% no volume embarcado para os EUA de alguns dos principais produtos de madeira processada, especificação de quais.
“Em 2024, o setor madeireiro brasileiro exportou US$ 1,6 bilhão em produtos para os Estados Unidos, destino que concentra, em média, 50% da produção nacional. Em alguns segmentos, a dependência é ainda maior, com 100% das vendas voltadas exclusivamente ao mercado norte-americano”, detalhou a instituição.
Críticas ao governo
Além dos dados sobre demissões, a nota da Abimci critica fortemente o governo e a gestão da crise comercial com os EUA.
“Ao longo dos últimos meses, a Abimci, como entidade nacional, participou de reuniões com o MDIC, apresentou números e mostrou a importância, capilaridade e abrangência do setor de madeira processada. Em todas as agendas, solicitou às autoridades brasileiras que fosse aberto um canal de diálogo diplomático com o governo norte-americano e que as negociações fossem baseadas em argumentações técnicas e comerciais, isentas de componentes políticos ou ideológicos”, relatou a associação.
De acordo com a Abimci, a instituição também argumentou que o setor madeireiro é importante para a balança comercial e de significativa participação no mercado norte-americano.
“Também temos defendido o setor de forma técnica frente às investigações que estão em curso dos processos das Seções 232 e 301, abertos pelos Estados Unidos e que também poderão atingir ainda mais o setor, caso as negociações entre os dois países não avancem.”
A associação defende que a única solução é a negociação entre os países para que o comércio bilateral seja restabelicido e as tarifas adequadas. “E essa competência é exclusiva do governo federal que, até o momento, não foi exercida com o necessário bom senso”, disse a Abimci.