Diante de um cenário de juros elevados e demanda fraca, o setor varejista enfrenta a renegociação de aproximadamente R$ 56 bilhões em dívidas, o que corresponde a cerca de 30% do total de crédito disponível para o setor.
Os obstáculos em obter novas linhas de crédito e o aumento do risco associado ao setor têm dificultado a reestruturação dos passivos junto aos credores.
Esse cenário tem levado, há meses, ao aumento acelerado de pedidos de recuperação judicial e extrajudicial entre as empresas varejistas.
A consultoria especializada em reestruturação, Virtus, realizou um cálculo a pedido do Valor, utilizando dados de crédito ao varejo fornecidos pelo Banco Central (com base em maio de 2024), informações públicas de empresas de capital aberto, além de sua própria base de dados.
A análise considerou a métrica de alavancagem, utilizando a relação entre dívida líquida e o valor do Ebitda, incluindo também empresas não listadas. O Ebitda representa o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação.
Dívidas da varejistas: 45% vence em curto prazo
Essas dívidas já estão em processo de renegociação ou têm um alto potencial de seguir esse caminho, levando em conta o nível de endividamento das empresas e do mercado.
De acordo com a consultoria, 45% do volume total em renegociação das empresas listadas (ou com potencial para renegociar) possui vencimento de curto prazo, ou seja, dentro de um ano.
Para entender o impacto dos 30% das linhas de crédito em reestruturação, considere a situação da varejista Casas Bahia, que solicitou recuperação extrajudicial este ano.
A empresa possuía 32% de seus passivos com vencimento em 2023, de um total de R$ 4,8 bilhões até 2027.
Após a renegociação, o vencimento de curto prazo foi eliminado, enquanto o de longo prazo aumentou, conforme as novas condições. Na última quarta-feira (17), a rede anunciou que os credores aceitaram o plano extrajudicial.