LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Em evento sobre agronegócio brasileiro em Portugal, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu o fortalecimento do mercado de créditos de carbono, mas criticou a criação de impostos sobre o elemento.
“Temos ouvido muito falar em impostos de carbono. Achar que os governos alocam recursos melhor do que o mercado é um erro. Nós sabemos muito bem disso no Brasil. Nós não podemos cair nessa armadilha de imposto de carbono aqui e ali, porque o que vai fazer o mercado funcionar é o mercado de crédito de carbono”, afirmou.
Campos Neto defendeu ainda que haja melhor distribuição das responsabilidades das emissões entre os países.
“Hoje, a carga de carbono é muito maior em quem produz do que em quem consome. Se isso não for equacionado de forma que países produtores e países consumidores entrem em harmonia, vai acontecer, e é um pouco o que nós já estamos vendo, que alguns produtores de insumo vão falar que, com esse crédito de carbono tão caro, já não vale a pena produzir, porque a margem não vale a pena”, avalia.
Ainda em sua intervenção, Roberto Campos Neto chamou também a atenção para o aumento global da demanda e do preço da energia.
“Há um aumento enorme na demanda por energia, mas ao mesmo tempo nós queremos ser mais verdes, mais sustentáveis.
“Muitos países deixaram de investir em formas de energia que são mais de curto prazo para pensar em coisas mais limpas. Então a gente vê que o volume de investimento em energias sujas caiu bastante em um momento em que a demanda por energia subiu muito”, diz.
Abordado por jornalistas no evento, Campos Neto afirmou que não falaria com a imprensa.
Pouco antes, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, enviara à PGR (Procuradoria-Geral da República) um pedido de investigação contra o atual presidente do Banco Central e o dono do BTG Pactual, André Esteves.
Procedimento busca avaliar se há elementos suficientes para um inquérito sobre uso indevido de informação privilegiada.