Novo reajuste na energia pode elevar IPCA em 1%

Governo pretende reajustar valor entre R$ 15 e R$ 20, cenário base era de R$ 11,50

Os novos reajustes da bandeira vermelha nível 2 estudados pelo governo têm o potencial de elevar em até 1% a inflação de 2021, segundo cálculos de economistas do mercado. O efeito tende a ser desinflacionário para 2022, embora uma eventual continuidade da crise hídrica no País imponha riscos ao cenário.

A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) será informada no máximo até a próxima terça-feira (31).

O Ministério da Economia sugeriu que será necessário elevar a sobretaxa dos atuais R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para um nível entre R$ 15 e R$ 20, ou, um cenário extremo para R$ 25 devido à crise hídrica no País. O cenário-base de boa parte do mercado era um aumento mais moderado, a R$ 11,50.

“Se qualquer um desses aumentos se materializar, eles teriam um efeito grande no IPCA de 2021, de 0,35% a 1%”, escreveu o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, em relatório.

O economista do Banco ABC Brasil, Daniel Lima calcula que um aumento da bandeira vermelha 2 a R$ 15 adicionaria 0,25% ao IPCA de 2021. Caso a Aneel decida elevar a sobretaxa a R$ 20, o impacto seria de 0,62%. O cenário extremo, de R$ 25, elevaria em 0,98% a inflação do ano.

Lima prevê IPCA de 7,4% neste ano e de 3,8% no próximo, em um cenário-base de bandeira a R$ 11,50. O economista destaca que o efeito da bandeira de luz mais cara neste ano tende a ser desinflacionário em 2022, considerando uma premissa de melhora do cenário hídrico, com bandeira vermelha 1 no fim do ano que vem.

“O contexto geral é que esse aumento da bandeira vermelha 2 geraria um impacto para baixo no ano que vem”, afirma. Levando em conta os efeitos diretos, o retorno para a bandeira 1 retiraria de 0,21% a 0,71% da inflação de 2022. Mas efeitos indiretos do aumento da energia sobre a cadeia de produção têm o potencial de mitigar o impacto baixista do ano que vem, alerta o economista.

Para 2022, a projeção cresceu de 4,0% para 4,2%, já incorporando o IPCA-15 de agosto mais pressionado do que o previsto. “Se ocorrer um reajuste para algo maior do que R$ 11,50 da bandeira, isso trará alterações relevantes para as projeções”, diz Fernandes.