Nubank (NUBR33): presidente diz que cartão de crédito pode sumir

“O streaming de filmes causou no setor de entretenimento efeito parecido que a digitalização dos pagamentos teve entre os bancos”, afirma o presidente

O presidente e diretor de operações do Nubank (NUBR33), Youssef Lahrech, afirmou que concorda com uma declaração recente do presidente do Banco Central (BC),  Roberto Campos Neto, que diz que com a digitalização, o cartão de crédito pode sumir. 

“O streaming de filmes causou no setor de entretenimento efeito parecido que a digitalização dos pagamentos teve entre os bancos. Mudou tudo. Concordo que o cartão de crédito pode sumir, e por isso temos diversificado para outras formas de pagamento, inclusive para o Pix, BNPL”, afirma Lahrech ao “Valor Econômico”. 

Além disso, o presidente acredita que, com o aumento das transações via Pix, essa tendência é ampliada. “Acho que o Pix afeta primeiro o cartão de débito, depois o de crédito”, afirma. 

Porém, segundo ele, demoraria para essa hipótese se contratualizar, “levam alguns anos para chegar até esse quadro: o cartão de crédito tem outras funções, como compras internacionais, parcelamento. Mas, no fim das contas, o Pix aumentará a fatia no mercado. Estou mais do que feliz com uma possível canibalização do cartão de crédito”, diz. 

Lahrech acrescenta dizendo que prevê que a bancarização pode aumentar com o sistema de pagamentos do BC, “o mercado endereçável no Brasil ainda é bastante grande, podemos dobrar ou mais nossa base no Brasil”, afirma. 

Ações do Nubank (NUBR33) valorizam 19,5% após balanço do 2T22 

Com a divulgação dos resultados do 2T22 do Nubank, que superaram a expectativa do mercado, as ações da fintech na Bolsa de Valores de Nova York valorizaram 19,54%. 

Porém, alguns pontos do resultado chamaram a atenção dos investidores negativamente, tendo como grande destaque o índice de inadimplência de 90 dias, que apresentou uma alta no segundo trimestre e, por isso, foi considerada mais fraca em relação à expectativa do mercado. Se não houvesse a estratégia do Nubank de diminuir a oferta de crédito, o índice poderia ter se valorizado mais ainda. 

Em relação à qualidade dos ativos, o índice de inadimplência aumentou 60 bps no trimestre para 4,1%, “mas teria aumentado 120 bps no trimestre se o Nu tivesse mantido sua antiga metodologia de baixa”, afirma o relatório do UBS-BB.

O lucro líquido ajustado do 2T22 estava alinhado com as expectativas, enquanto o balanço do Nubank trouxe surpresas positivas, de acordo com o relatório.

“Observamos que a administração afirmou que a empresa reduziu seu crescimento de empréstimos pessoais devido às incertezas macro de curto prazo. Apesar do crescimento muito bom da receita, vemos alguns investidores manifestaram preocupação com o aumento do crédito vencido há 90 dias”, segundo o UBS-BB.

O crescimento de 10% na base de clientes do 1T22 para o 2T22, com taxa de atividade em 80%, o aumento significativo do ARPAC do Nubank (Receita Média Mensal por Cliente Ativo) de 16%, para US$ 7,8 e e alta de 38% na receita de juros, enquanto as taxas de serviço cresceram 18% foram alguns do principais destaques na visão dos analistas. 

Além disso, durante a teleconferência com os executivos do Nubank, a maioria das perguntas focaram no empréstimo pessoal e tendências de crescimento e qualidade de ativos, segundo os analistas. 

“A administração acredita que a inadimplência antecipada indica que o índice de inadimplência de 90 dias deve ser mais estável daqui para frente, enquanto em empréstimos pessoais, o crescimento está desacelerando, mas continuará acima do mercado”, afirma o UBS-BB, que recomenda a compra das ações do Nubank, ao preço-alvo de US$ 8 por ação.

“As ações do Nubank foram desvalorizadas nos últimos meses, movimento em grande parte causado por uma combinação de preocupações crescentes com a qualidade dos ativos e a desvalorização das empresas de tecnologia”, dizem os analistas.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile