SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa de Valores brasileira atingiu 3,2 milhões de investidores pessoa física em junho deste ano, uma alta de 45,5% em relação ao número de CPFs registrados em igual período de 2020. No total, esses investidores alocam R$ 545 bilhões no mercado de capitais do país -avanço de 54,8% na mesma relação.
Esses investidores correspondem a mais de um quarto (26%) do volume de negociações na Bolsa. O levantamento da B3 aponta, ainda, que esses alocadores também têm buscado uma maior diversificação: um a cada dois investidores possui mais de cinco ativos na carteira -considerando diferentes tipos de ações (ordinárias, preferenciais ou units), ETFs (fundos de índices), fundos imobiliários, entre outros.
As ações ordinárias são as ações que dão direito a voto e participação nas decisões da companhia, enquanto as preferenciais são as que têm preferência no recebimento de proventos, mas não dão direito a voto.
Já as units são “pacotes” compostos por mais de uma classe de ativo -podem ser formados por ações ordinárias, preferenciais e bônus de subscrição (títulos que dão ao acionista a oportunidade de manter o mesmo nível de participação no negócio no caso de futuras emissões).
O levantamento da B3 aponta que em junho de 2021 pelo menos 80% dos investidores pessoa física possuíam mais de um ativo na carteira -contra 41% em 2016.
Segundo o superintendente de relacionamento com pessoa física da B3, Vinicius Brancher, um ponto importante a ser destacado é que a safra de novos entrantes tem continuado mais tempo no mercado de capitais do que as safras anteriores.
“Antes, os novos entrantes apresentavam uma quebra [saída] de 30% na média depois de seis meses da primeira aplicação. Esse número caiu para 20% entre 2019 e 2020. Esses números demonstram uma evolução e mostram que o novo entrante conhece mais o que está fazendo e tem uma maior visão de médio e longo prazo para alocação em renda variável”, disse.
O maior conhecimento dos investidores sobre o mercado de capitais e a quebra de crenças antigas sobre o segmento -como o mito de que para começar a investir é preciso ter muito dinheiro- também contribuíram para a maior entrada de pessoas físicas na Bolsa de Valores.
“O brasileiro está investindo pouco, às vezes até experimentando. Ele começa com R$ 300 e depois amplia tanto o patrimônio investido como a quantidade de produtos. Em junho foi o menor valor na história em relação à entrada de investimentos”, afirmou o diretor de relacionamento com clientes e pessoa física da B3, Felipe Paiva.
Em junho, a mediana dos valores para o primeiro investimento feito por pessoas físicas ficou em R$ 352 -contra cerca de R$ 1.600 no primeiro semestre do ano passado. No total do mês, 42% dos entrantes investiram até R$ 200. Mais da metade (64%) alocou até R$ 1.000.
Na média, as pessoas físicas têm uma posição de R$ 10 mil na Bolsa de Valores.
Para Paiva, a expectativa é que o número de investidores pessoa física na Bolsa ainda cresça ao longo deste ano. “Nós não projetamos mais, mas o nível de penetração deve ser alto. O Brasil ainda tem uma concentração de renda muito grande, com mais de 20 milhões de pessoas que têm mais de R$ 5.000 na poupança, por exemplo. Temos um potencial de crescimento importante no país”, disse.