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Ações da Nvidia recuaram nesta terça-feira (25) depois que uma reportagem apontou que a Meta discute gastar bilhões para usar chips de inteligência artificial do Google — um sinal de que a gigante das buscas pode estar avançando como competidora direta do acelerador de IA mais vendido do mercado.

Segundo o site The Information, a Meta avalia incorporar os chips do Google, conhecidos como TPUs, em seus data centers a partir de 2027, além de considerar o aluguel de chips da divisão de nuvem da Alphabet já no próximo ano.

O possível acordo fortaleceria o papel das TPUs como alternativa aos processadores da Nvidia, hoje padrão entre big techs e startups — de Meta à OpenAI — que dependem de enorme capacidade computacional para treinar e operar modelos avançados de inteligência artificial.

No pré-mercado de Nova York, as ações da Nvidia chegaram a cair 3%, enquanto a Alphabet subia 2,4%, impulsionada pelo otimismo em torno de avanços na nova versão do modelo Gemini.

O Google já havia fechado, anteriormente, um acordo para fornecer até 1 milhão de chips à Anthropic, o que levantou questionamentos sobre a manutenção da liderança absoluta da Nvidia no longo prazo. Para o analista Jay Goldberg, da Seaport, o movimento representa uma “validação muito forte” das TPUs.

A Meta e o Google não comentaram o assunto.

Para os analistas Mandeep Singh e Robert Biggar, da Bloomberg Intelligence, o provável uso das TPUs pela Meta — que já são empregadas pela Anthropic — reforça a tendência de empresas que desenvolvem modelos de linguagem recorrerem ao Google como fornecedor secundário de chips de inferência.

Segundo estimativas dos especialistas, o capex da Meta, que deve atingir pelo menos US$ 100 bilhões até 2026, pode resultar em gastos entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões em capacidade de chips de inferência no próximo ano. Esse movimento tende a acelerar o crescimento da carteira de pedidos do Google Cloud, à frente de hyperscalers concorrentes.

No mercado asiático, empresas ligadas à Alphabet reagiram positivamente à notícia. A sul-coreana IsuPetasys, fornecedora de placas multilaminadas, saltou 18% e renovou máximas intradiárias. Em Taiwan, a MediaTek avançou quase 5%.

Um acordo desse porte com a Meta — uma das maiores investidoras globais em data centers e IA — representaria uma vitória estratégica para o Google. No entanto, analistas ponderam que a adoção sustentável das TPUs dependerá de comprovação de eficiência energética e desempenho computacional capazes de competir com as GPUs da Nvidia.

Diferentemente das GPUs, originalmente desenvolvidas para gráficos, as TPUs são chips de aplicação específica (ASICs), desenhados para tarefas de IA. Com o avanço de modelos como o Gemini, o Google consegue transferir aprendizados de suas equipes de pesquisa para os projetistas de chips, criando um ecossistema integrado e customizado.

A crescente busca por alternativas também reflete a preocupação global com a dependência excessiva da Nvidia — que domina amplamente o mercado, enquanto concorrentes como a AMD ainda aparecem distantes na competição por capacidade e escala