Em uma rápida pesquisa no google é possível descobrir que curiosamente o dólar, moeda que pertence à maior potência mundial, os Estados Unidos, não possui a maior cotação frente todas as moedas globais. No entanto, esta rápida pesquisa se refere somente ao valor nominal de uma moeda, que seria aquele valor sem ajuste da inflação corrente da economia do país. Em entrevista à BP Money, o economista Rafael Sales, ajuda a compreender a variação cambial.
“O valor nominal de uma moeda nos diz pouco sobre a mesma ter muito valor em relação às outras ou não”, afirma Rafael Sales, consultor econômico da Arazul Capital. O especialista explica que para comparar moedas de diferentes países os economistas analisam qual deveria ser a taxa de câmbio em Paridade do Poder de Compra (PPC).
Desta forma, uma das ferramentas utilizadas pelos profissionais é o Índice Big Mac, indicador econômico que faz seu cálculo usando como base o valor do famoso lanche da rede McDonalds. O sanduíche permite a comparação do poder de compra devido à presença da cadeia de fast food em grande parte do mundo. Criado em 1986 pela revista britânica The Economist, o índice é utilizado para compor uma fórmula que mede o poder de compra de determinada moeda e se baseia em um critério que reflete o custo de vida nos países. A métrica compara a produtividade econômica e os padrões de vida entre as nações. O poder de compra, por sua vez, é o que indica a capacidade das pessoas de um país adquirirem um conjunto de produtos e serviços.
“Usando essa métrica, o que encontramos atualmente é que o Dólar Americano está valorizado em relação à Libra Esterlina ou ao Euro”, destaca o economista. Ele ressalta que a força da moeda norte-americana, uma vez que a própria apresenta estabilidade por ser um recurso utilizado nos negócios de todo o mundo.
“Por isso, no comércio internacional, a grande maioria dos contratos é feito em dólar. Isso cria uma demanda mundial por esta moeda, todos querem guardar um pouco de dólar pois, em algum momento, fará negócios em dólar. Isso a torna uma moeda de fácil conversão, não importa onde você esteja no planeta, você sempre encontrará alguém disposto a comprar ou vender dólar”, explica.
Sales explica que o fator responsável na valorização, ou subvalorização, das moedas é uma regra econômica simples e fundamental: lei da oferta e da demanda. “Essa lei explica a maioria das coisas que às vezes parecem complicadas à primeira vista, não é diferente com câmbio”, destaca o especialista e explica que a variação cambial acontece de acordo com a política de oferta e demanda dos países. Se há demanda forte por uma determinada moeda ela tende a se valorizar, se há excesso de oferta dessa moeda, ela tende a se desvalorizar. Duas das grandes razões para demandar uma moeda são comércio internacional e investimentos financeiros.
“Veja o caso brasileiro, que é a maior economia da América Latina, mas o Real foi a moeda latinoamericana que mais se desvalorizou em relação ao dólar nos últimos dois anos. O Real não se desvalorizou porque a economia brasileira não é mais capaz de produzir o que já se produz, mas porque as pessoas neste momento estão demandando por ter mais Dólar do que mais Real”, analisa Rafael Sales.
Com isso, ele examina que ao observar as nações ao longo dos anos, um certo padrão acaba sendo percebido pelo especialista: as regiões com mais estabilidade (econômica e política) costumam ser os mesmos países que possuem as moedas mais fortes. “Ou seja, as pessoas se sentem mais confiantes em manter sua riqueza em moedas de países estáveis onde o poder de compra da moeda tenha menos chances de ser corroído por crises inflacionárias repentinas”, pondera o economista.