RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) prevê para a próxima semana chuvas acima da média sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste, regiões consideradas a caixa d’água do setor elétrico brasileiro, por concentrarem os principais reservatórios de hidrelétricas.
A previsão reforça projeções do mercado sobre a redução do risco de racionamento de energia, diante da chegada das chuvas e do impacto positivo de medidas adotadas pelo governo para ampliar a capacidade de geração em meio à pior seca da história.
De acordo com o operador, o volume de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste na próxima semana deve ser equivalente a 112% da média histórica para o período. Na semana passada, o ONS previa 51% da média histórica para esta semana.
A melhora do cenário é natural nesta época do ano, com a chegada das primeiras chuvas, mas o histórico dos últimos meses, quando o país teve o pior volume de chuvas desde que os registros começaram a ser feitos, era motivo de apreensão no mercado.
Na região Sul o volume de chuvas deve ser equivalente a 153% da média histórica para esse período. A região passou por um período mais seco, ampliando as preocupações com a segurança energética do país, mas vem se recuperando nas últimas semanas.
Com mais chuva, a expectativa é que os reservatórios do Centro-Sul do país fechem o mês em níveis superiores aos projetados inicialmente. No Sudeste e Centro-Oeste, devem ficar com 15,2% de sua capacidade de armazenamento de energia. No Sul, com 49,5%.
Nordeste e Norte permanecem com projeção de chuvas abaixo da média -33% e 75%, respectivamente- mas a melhora no Centro-Sul vem derrubando o custo marginal de operação do setor elétrico, preço de referência que estima quanto vale o MWh (megawatt-hora) nas condições correntes.
Na semana que vem, esse custo será de R$ 198,74, queda de 53,4% com relação ao vigente na semana anterior. Em condições normais, essa queda teria impacto na tarifa de energia, já que significa menos necessidade de térmicas.
Mas o governo vem acionando todo o parque térmico disponível no país para poupar água nas hidrelétricas e garantir a segurança do sistema enquanto os reservatórios permanecerem em níveis tão baixos.
Para bancar essa medida, implantou em setembro a bandeira de escassez hídrica, que adiciona à conta de luz R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos –até então, a bandeira tarifária mais cara era a vermelha nível 2, de R$ 9,49 por 100 kWh.
A tendência é que as térmicas, mais caras e poluentes, continuem tendo peso relevante na matriz: este mês, o governo realiza leilão para contratação emergencial de térmicas por cinco anos, para garantir o suprimento em 2022 e recuperar o nível dos reservatórios nos anos seguintes.