Ouro: vale a pena investir no ‘porto seguro’ em 2021?

A commodity normalmente se beneficia em momentos de dificuldade econômica, como o período de pandemia

O investimento em ouro é conhecido por muitos investidores como um “porto seguro”. O estoque global do metal precioso é de aproximadamente 170 mil toneladas e, por conta de sua escassez, ele tende a valorizar-se em momentos críticos no mercado, como o da pandemia da covid-19.

Em 2020, o metal acumulou valorização de 55,9%, batendo o recorde de mais de US$ 2 mil (quase R$ 12 mil na cotação da época) a onça, sendo considerado por muitos o melhor investimento do ano. Durante períodos de alta volatilidade, é comum que os investidores recorram ao ouro para o utilizar como hedge de carteira (proteção de carteira), causando sua valorização pela “Lei de Oferta e Demanda”.

Antes de realizar o investimento nesta commodity é preciso conhecer  sobre seu mercado e entender sua cotação para aproveitar o melhor momento, pois, apesar de ter sido o melhor em 2020, o metal precioso pode chegar a sua maior desvalorização anual desde 2015. Afinal, ainda vale a pena investir em ouro?

Quais fatores influenciam na cotação do ouro?

Existem três fatores chave que impactam no valor de mercado do ouro e que devem ser analisados: a inflação, a cotação do dólar e o cenário econômico.

Antes de explicar cada um desses fatores, precisamos entender como funciona o cálculo do preço do ouro no Brasil. O metal precioso é calculado a partir da cotação da unidade da onça-troy (oz), o equivalente a cerca de 31 gramas de ouro na Bolsa de Valores de Nova Iorque, e o valor do dólar comparado ao real na cotação do Banco Central.

Fator 1: Inflação

A inflação é considerada como o primeiro fator a afetar o preço do ouro, uma vez que o metal é tido como uma proteção contra o aumento da inflação.

Em um ambiente inflacionário, com o valor do papel-moeda em queda, aumenta-se a procura por moedas estáveis e investimentos seguros. Consequentemente, o preço do ouro sobe.

Um dos piores tipos de inflação, a hiperinflação, subida elevada dos bens e serviços, é conhecida por causar grandes estragos na economia de nações, à semelhança do que aconteceu no Zimbabue, Argentina e Venezuela. Os possuidores de ouro nestes países escaparam da catástrofe financeira.

Fator 2: Taxas de juro

O preço do ouro é inversamente proporcional aos valores das taxas de juros.

Dessa forma, taxas extremamente baixas favorecem o ouro e outros metais preciosos, já que os demais ativos estão oferecendo baixos retornos. O contrário também é verdadeiro. Portanto, juros mais altos significam menor preço do ouro.

Fator 3: Cenário econômico

Sempre que um grande evento tem impacto mundial, tal como a pandemia causada pelo coronavírus, mais pessoas recorrem à segurança do ouro e seu preço sobe.

O ano de 2020 ficou marcado pela imprevisibilidade e incertezas causadas em grande parte pelo novo vírus e a maneira como os efeitos da pandemia castigaram as economias e mercados mundiais. Em agosto do mesmo ano, pela primeira vez na história, a onça superou os US$ 2 mil ( R$ 12 mil). 

Nesse cenário volátil, com uma série de restrições e dificuldades para ter uma recuperação, o investimento em ouro se tornou uma fonte confiável e segura para evitar perdas. Além disso, os juros baixos e o temor da inflação também fizeram com que mais investidores procurassem um porto seguro, fazendo o preço do metal subir.

Fator 3.1: Cotação do Dólar

Relacionado como fator do cenário econômico, mas importante de se ressaltar em separado, a cotação do dólar impacta diretamente no preço do ouro, pois ele é cotado mundialmente na moeda norte-americana.

Assim, quando a moeda sobe, o metal sobe. Em 2020, por exemplo, quando o ouro atingiu sua máxima histórica, parte desse desempenho foi decorrente também do aumento da moeda, que teve alta de 29,7% no período.

Quando investir em ouro?

Para investir na commodity é necessário observar os mercados financeiros e a evolução dos preços do ouro para entender se os preços estão destinados a subir ou cair. Como o metal tem o seu valor delimitado pelos mercados internacionais, é a oferta e demanda quem determina a valorização ou não do ouro.

Na prática, quem estuda esse mercado acompanha as análises para saber qual a hora de comprar e vender com o preço mais interessante. Além da evolução dos valores, para entender quando investir em ouro é necessário fazer um estudo profundo olhando para cada um dos quesitos que o determinam.

Para ouro, os principais fatores que podem indicar quando investir em ouro são:

-Aumento da inflação;
-Baixa do dólar americano em relação a outras moedas;
-Situação incerteza econômica mundial;
-Quedas nos índices do mercado de ações;
-Períodos de incerteza econômica.

O investidor precisa ficar atento ao “timing” para não acabar pagando caro demais pelo metal. O ouro é um ativo extremamente volátil, sendo difícil prever o seu preço.

Ainda vale a pena investir em ouro ?

Diferente de 2020, neste ano o ouro enfrenta uma série de obstáculos inesperados e pode registrar o pior desempenho desde 2015, segundo o índice Bloomberg Commodity. Entre os motivos, o principal deles é a resiliência do dólar e o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro Americano.

Porém, existe a possibilidade de entrarmos em uma estagflação, a combinação de desaceleração do crescimento e aumento dos preços, que pode reverter a atual situação do metal. O fenômeno atingiu as economias ocidentais nos anos 70 e nos Estados Unidos a inflação chegou a ser superior a 15%. Com isso, o ouro encerrou a década simplesmente triplicando o seu valor.

Historicamente, o preço da commodity se beneficia em momentos economicamente desafiadores. Portanto, apesar de sua recente desvalorização e avanço dos mercados de renda variável por todo o globo, o metal tem um potencial positivo em sua perspectiva de longo prazo.

Investir um percentual da carteira em ativos mais defensivos e atemporais como o ouro beneficia o portfólio como um todo, logo, vale a pena abrir um espaço nos investimentos para incluí-lo.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile