Mercado de trabalho aquecido

Payroll: EUA cria 303 mil vagas em março e supera expectativas

EUA criou 303 mil novas vagas de emprego fora do setor agrículo, número muito acima dos 200 mil esperados por analistas

Bandeira dos EUA
Bandeira dos EUA / Foto: Freepik

Dados do payroll divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Departamento de Trabalho apontam para a criação de 303 mil vagas de emprego fora do setor agrícola nos EUA. O resultado é muito superior às expectativas de analistas, que apostavam em 200 mil novos postos de trabalho.

A taxa de desemprego ficou em 3,8%, um pequeno recuo em comparação aos 3,9% registrado em fevereiro. A taxa de desemprego tem estado numa faixa estreita entre 3,7% e 3,9% desde agosto de 2023.

O salário médio por hora dos empregados em folhas de pagamento privadas não agrícolas aumentou 12 centavos em março, ou 0,3%, para US$ 34,69. Nos últimos 12 meses, o rendimento médio por hora aumentou 4,1%.

A área de saúde criou 72 mil empregos em março, acima do ganho médio mensal de 60 mil nos 12 meses anteriores. Em março, o crescimento do emprego continuou nos serviços ambulatoriais de saúde (+28 mil), nos hospitais (+27 mil) e nas instalações de enfermagem e de cuidados residenciais (+18 mil).

O emprego no governo aumentou em 71.000, também superior ao ganho médio mensal de 54.000 nos 12 meses anteriores. Ao longo do mês, o emprego aumentou nos governos locais (+49.000) e no governo federal (+9.000).

Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, os dados fortes do mês de março somados à revisão dos de janeiro indicam que o mercado de trabalho nos EUA segue aquecido, o que leva à persistência da inflação.

“Na minha visão, as apostas ainda se concentram em uma queda de juros em junho ou julho nos EUA. As atenções agora se voltam para os dados do PCE (de março) que será divulgado no fim de abril, indicador preferido do FED para acompanhar a inflação. Isso deve dar maiores pistas sobre o número de cortes de juros que podem ocorrer esse ano nos EUA”, pontua Fernandes.

Payroll: Economista-chefe do Banco Master diz que mercado quer o “bad news is good news”

“O Fed gosta muito de olhar essa relação vaga aberta por desempregado. Na média histórica a relação é de 1 para 1, depois da pandemia, com super estímulos foi 2 para 1, ou seja, em algum momento estavam com 5 milhões de desempregados e 10 milhões de vagas abertas. O que ele [o Fed] considerava excessivo para um mercado de trabalho muito aquecido”, explicou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

O executivo reforça a estimativa do consenso para o Payroll do mês de março, com mais de 200 mil vagas. Segundo ele, o mercado está estressado com a expectativa pela data de corte da taxa de juros do país.

“Começou a ganhar força a ideia de que os juros só vão cair em julho, não em junho. A partir dos comentários do [Jerome] Powell, na última sexta, o mercado empurrou mais alguma probabilidade para corte só em julho”, disse.

Para Gala, os outros dados, como PMI, mostraram relativa força, por isso, no momento, há um quadro de economia mais aquecida, o que atrasa o corte de juros.

“O que o mercado gostaria de ver, na verdade, é o ‘bad news is good news’. O mercado de trabalho fraco que antecipa o corte de juros”, expôs ele.

“Mas veremos. Será uma semana bastante importante para juros, para a curva de juros americana e brasileira também. [Assim como] para os ativos brasileiros”, finalizou o economista sobre o Payroll.