Cenário Global

Payroll forte adia corte de juros nos EUA e pressiona Brasil, diz Paula Gala

Economista vê mercado de trabalho ainda aquecido nos EUA e destaca impacto positivo no câmbio e na inflação no Brasil

Renda fixa nos EUA
EUA / Foto: Divulgação

O payroll acima do esperado nos EUA reforça o cenário de adiamento do corte de juros pelo Fed (Federal Reserve) e, ao mesmo tempo, cria pressão sobre a economia brasileira. Aponta o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, que analisou os dados divulgados nesta quinta-feira (3) e destacou seus impactos no Brasil.

“Não é um payroll bombando, mas também não mostra colapso”, disse Gala em seu morning call.

Segundo o economista-chefe, a criação de 147 mil vagas em junho, acima da expectativa de 106 mil, e a queda na taxa de desemprego para 4,1% sinalizam um mercado ainda resiliente.

Ao mesmo tempo, Paulo destacou que o número veio inflado por contratações no setor público.

“No setor privado, foram apenas 74 mil vagas. Ou seja, o dado é forte, mas não exuberante”, afirmou.

Na avaliação do economista, esse cenário afasta a possibilidade de corte de juros em julho nos EUA, transferindo as apostas para setembro.

A manutenção dos juros americanos por mais tempo, combinada com a Selic elevada no Brasil, impulsiona o real, que tem se valorizado e ajuda a conter a inflação doméstica.

Payroll reforça cautela e gestão estratégica, alerta setor financeiro


O CEO da Referência Capital, Pedro Ros, reforça que a estabilidade do mercado de trabalho nos EUA reforça a expectativa de manutenção dos juros por mais tempo.

“Esse cenário tende a manter a atratividade dos ativos americanos e a limitar o fluxo de capital para mercados emergentes. Para o Brasil, isso exige cautela na formulação de políticas econômicas e atenção à gestão de risco por parte das empresas. O momento é de disciplina financeira e prudência nos investimentos.”

Complementando, Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, destaca o impacto no setor de crédito estruturado

Segundo o CEO, a resiliência do emprego nos EUA pressiona o Fed a manter uma postura mais rígida, reduzindo a margem de manobra para países como o Brasil.

“Para o setor de crédito estruturado, isso reforça a importância de estratégias robustas, com foco em ativos de qualidade e forte governança”, afirma.

Em um ambiente volátil e com juros persistentes, o investidor busca previsibilidade, e o mercado de crédito precisa estar preparado para entregar essa segurança.

Com isso, o cenário exige mais cautela na economia brasileira, com empresas e investidores focados em disciplina financeira, controle de custos e preparo para um ambiente global de juros elevados e maior volatilidade.