A tendência que popurizou no Brasil lançado em novembro de 2020, o Pix, já superou o boleto bancário, o cheque e as transferências por meio de Doc, Ted e Tec, em número de transações. Segundo dados do Banco Central (BC), em maio, foram feitas 649,1 milhões de transações ante 342 milhões de boleto bancário, 126 milhões de transferências tradicionais e 18 milhões, de cheques. As informações são do Estadão.
E o pix já conquistou pequenos comerciantes como Gustavo Colucci Borges que vende chocolates na Avenida Paulista para arrecadar dinheiro. Como se trata de um trabalho temporário, ele não tem maquininha de cartão. Aceita só dinheiro e Pix. O jovem de 18 anos, afirmou que 40% das suas vendas são feitas no Pix, com o tíquete médio de R$ 7,50. Quando as vendas são feitas em dinheiro, a média cai para R$ 5.
Com essa expansão do Pix, as transferências feitas por meio de Doc, Ted e Tec acabaram sofrendo consequências. De novembro do ano passado até maio o número de transações mensais nessas modalidades caiu 41% enquanto o Pix avançou 1.733%, segundo o BC.
“A grande sacada do Pix é que tira a hegemonia do banco para processar o pagamento, aumenta o nível de concorrência e representa uma grande vantagem para o consumidor”, disso o presidente da Trevisan Escola de Negócios, VanDick Silveira.
Para alguns especialistas, esse crescimento acelerado do Pix pode ser uma ameaça tanto para bancos quanto para empresas de cartão e de maquininhas. Em tempos de juros baixos, as instituições financeiras ganham muito com as receitas de serviços, composta por tarifas pagas pelos clientes, entre elas as de Doc e Ted, cuja operações estão em queda.
Atualmente as transações de Pix feitas por pessoa física são isentas, mas a pessoa jurídica paga uma taxa, no entanto, menor do que a das transferências tradicionais. Porém isso também pode mudar a depender do mercado.
“Se uma fintech fizer ação para isentar as taxas como forma de atrair clientes, outros bancos podem ter de seguir o movimento ou reduzir as tarifas”, declarou Rone Charles, presidente da Landlojas, uma startup de soluções para e-commerce da Woli Ventures.
O diretor de inovação, produtos e serviços bancários da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Leandro Vilain, explicou que inicialmente houve uma preocupação de que acontecesse uma migração muito forte de outros meios de pagamento para o Pix. Mas, apesar dos números do BC, ele vê como marginal a queda do volume de transações de Ted (as de Doc já vinham caindo).
De acordo com ele, um estudo realizado em 2014 mostrava que 38% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro era de transações em dinheiro. Esse trabalho foi reforçado por outro que mostra que 40% dos gastos das famílias brasileiras são em espécie. “Isso me faz concluir que o Pix ocupou o espaço das transações em espécie, o que é uma boa notícia, pois melhora a arrecadação de impostos e reduz custos para o consumidor.”
Segundo dados do BC, 79% das transações de Pix são feitas entre pessoas físicas. E a maior parte tem idade entre 20 e 29 anos, como ocorre na banca da Ana Lucia Pereira da Silva, de 52 anos, que vende vários tipos de gorros. Ela adotou o Pix exatamente para atender principalmente os jovens que estão sempre com o celular na mão e correndo. Assim, não perde a venda.