RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A recuperação do preço do petróleo impulsionou o desempenho da Petrobras no segundo trimestre de 2021, gerando um lucro de R$ 42,8 bilhões. No mesmo período do ano anterior, quando a pandemia derrubou as cotações internacionais, a estatal registrou prejuízo de R$ 2,7 bilhões.
Segundo a empresa, o resultado foi garantido por maiores margens de lucro nos combustíveis, maiores vendas de óleo e derivados, ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar e ganhos de participações em investimentos. No ano, a Petrobras acumula lucro de R$ 44 bilhões.
Com o resultado, a Petrobras se propõe a distribuir R$ 31,6 bilhões em dividendos a seus acionistas. O valor será pago em duas parcelas, a primeira delas no dia 25 de agosto, somando R$ 21 bilhões. Com 28,67% das ações, a União terá direito a um total de R$ 9 bilhões.
O diretor financeiro da empresa, Rodrigo Araujo Alves, disse que o pagamento é um reconhecimento aos acionistas e “contribuição importante à sociedade brasileira” e que a companhia trabalhará para que essa remuneração seja “ainda mais consistente ao longo dos anos”.
Em fevereiro, após escalada de preços no início do ano, Bolsonaro demitiu o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, em um movimento que gerou no mercado temor de intervenção na política de preços dos combustíveis e culminou com uma debandada inédita no conselho e na direção da companhia.
Escalado para substituir Castello Branco, Silva e Luna prometeu manter o acompanhamento das cotações internacionais, embora venha praticando reajustes com frequência inferior à de seus antecessores. Nesta quinta (5) a empresa completa um mês sem mudanças nos preços da gasolina e do diesel.
Puxadas por diesel e gasolina, as vendas de combustíveis pela Petrobras somaram 1,8 milhão de barris por dia, alta de 17,5% em relação ao segundo trimestre de 2020, quando medidas de isolamento derrubaram o mercado. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, a alta foi de 5,5%.
A produção média de petróleo e gás alcançou 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, 1,1% acima do primeiro trimestre, com o aumento das operações em duas plataformas do pré-sal, região que representou 70% da produção total da Petrobras no período.
Com preços melhores e maiores vendas, a empresa teve receita de R$ 110,7 bilhões, 28,5% acima do primeiro trimestre. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma companhia, somou R$ 61,9 bilhões, alta de 26,5% em relação aos primeiros três meses do ano.
Apenas com a venda de derivados no mercado interno, a empresa faturou R$ 63,8 bilhões, aumento de 22,6% em relação ao primeiro trimestre. Responsável pelas vendas de derivados, a área de Refino da estatal teve lucro de R$ 8,9 bilhões, alta de 28,2% em relação ao trimestre anterior.
No balanço divulgado nesta quarta, a Petrobras diz que, além dos preços dos combustíveis, o resultado foi influenciado por ganhos cambiais com a valorização do real frente ao dólar e à reversão de perdas relacionadas à BR Distribuidora, que a companhia deixou definitivamente em junho, com a venda de 37,5% das ações por R$ 11,3 bilhões.
Sem os efeitos extraordinários, o lucro do segundo trimestre teria sido de R$ 40,7 bilhões. O melhor resultado trimestral já apresentado pela companhia ocorreu no quarto trimestre de 2020, com lucro de R$ 59,9 bilhões.
Aquele balanço, porém, foi fortemente influenciado por revisões em preços dos ativos que haviam sido rebaixados com a queda do preço do petróleo após o início da pandemia. Sem esse efeito, o lucro teria sido de R$ 28,4 bilhões.
No segundo trimestre de 2021, a Petrobras continuou se aproveitando da boa geração de caixa para reduzir seu endividamento. A dívida bruta da companhia fechou o período em US$ 63,7 bilhões (R$ 337 bilhões, pelo dólar médio de venda do trimestre), bem perto da meta de US$ 60 bilhões.
“Continuamos trabalhando duro, amparados em decisões absolutamente técnicas; evoluindo e tornando-nos mais fortes para melhor investir, suprir um mercado cada vez mais exigente e gerar prosperidade para nossos acionistas e para a sociedade?, disse Silva e Luna, no texto de apresentação do balanço da companhia.
Em relatório fiscal também divulgado nesta quarta, a Petrobras diz que recolheu aos cofres públicos no primeiro semestre um total de R$ 76,7 bilhões, sendo R$ 32,4 bilhões em tributos próprios de suas operações, R$ 23,3 bilhões em participações governamentais e R$ 21,0 bilhões em tributos retidos de terceiros.