Carne e café fora da lista de isenção

Petróleo, suco de laranja e aviões são isentos do tarifaço

Embraer tem alta de 10% no momento do anúncio; carne e café permanecem dentro das tarifas

Embraer tem prejuízo de R$ 234 milhões no 3TRI21
Foto: Divulgação / Embraer

Em anúncio oficial sobre os produtos exportados aos EUA divulgado pela Casa Branca, nesta quarta-feira (30), petróleo, laranja e aviões escapam do tarifaço e serão isentos de tarifas.

A Embraer (EMBR3) apresentou alta de 10% em seus papéis no momento exato do anúncio de isenção tarifária. Especialistas do banco Santander (SANB11) analisam que a fabricante brasileira de aeronaves seria a mais exposta às tarifas do presidente americano. Os analistas do banco calculam que 60% das receitas da companhia em 2024 vieram de exportações para os EUA. Desse total, 26% são de bens produzidos no território brasileiro e vendidos no mercado americano.

Além dos já citados, também foram poupados do tarifaço: celulose, carvão, aço e seus subprodutos. Castanhas de origem nacional e outros itens também não sofrerão com a alíquota mais elevada.

Contudo, desde junho, todo aço que entra nos Estados Unidos já é tarifado com uma alíquota global de 50%. Logo após o Canadá, o Brasil figura como o segundo maior exportador de “aço e ferro” aos norte-americanos.

Produtos como carne, café e frutas, fortemente exportados aos EUA, não apareceram na lista.

Trump assina ordem para tarifa de 50% ao Brasil

O presidente dos EUADonald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto executivo que oficializa a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.

No documento, Trump cita que a ordem é justificada por uma “emergência nacional” em razão das políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e a política externa e a economia do país, de modo geral.

Trump também cita como justificativa para a medida o que considera como “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o antigo aliado e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

EUA impõem sanção da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes

Os EUA anunciaram nesta quarta-feira (30), a inclusão do nome do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, no grupo de indivíduos sancionados pela Lei Magnitsky. A decisão foi Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão vinculado ao Departamento do Tesouro.

“Alexandre de Moraes assumiu a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras”, disse o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, em nota. “Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos.”

Segundo o governo americano, todos os eventuais bens de Alexandre de Moraes nos EUA estão bloqueados, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ele. O ministro também não pode realizar transações com cidadãos e empresas dos EUA — usando cartões de crédito de bandeira americana, por exemplo.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mencionou diretamente uma suposta “caça às bruxas” tendo o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo por parte do ministro.

No último dia 18, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, havia anunciado a revogação dos vistos americanos de ministros do STF e seus parentes, citando nominalmente o Alexandre de Moraes.

Para justificar a medida, o secretário americano citou o processo que corre no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Réu por tentativa de golpe de Estado e ataque a democracia.

Lei Magnitsky

Criada em 2012, a lei mirava autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky. No entanto, em 2016 houve o entendimento que a lei poderia ser usada globalmente para outros casos de corrupção, vínculos com o crime organizado e violações mais amplas de direitos humanos.

Desde então dezenas de pessoas já foram alvo de sanções com base na Lei Magnitsky.