Com uma expansão de 1% no 1º trimestre de 2022, frente ao 4º trimestre de 2021, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) veio abaixo da expectativa do mercado, que era de 1,2%. O resultado, entretanto, mostrou que a atividade econômica brasileira está recuperando sua força, segundo especialistas.
“O PIB do Brasil cresceu abaixo das expectativas no 1º trimestre, mas confirmou a força da atividade doméstica no início de 2022. Reforçamos a projeção de aumento de 1,6% este ano”, destacou Rodolfo Margato, economista da XP, em relatório.
De acordo com a XP, pela ótica da oferta, a diferença entre a projeção da casa de análises e o resultado efetivo ocorreu, principalmente, por causa da contração muito mais acentuada do que a esperada na categoria “Serviços de Informação e Comunicação” (-5,3%).
“Continuamos a prever contração da atividade doméstica no segundo semestre deste ano. As condições monetárias mais restritivas devem impactar a demanda de forma mais expressiva a partir de meados deste ano, principalmente os investimentos privados e o consumo de bens duráveis”, informou a XP.
De acordo com o relatório, o endividamento das famílias – que está em trajetória de alta – e o crescimento mais lento da economia global são alguns dos “ventos contrários” que sopram contra o PIB do Brasil nos próximos trimestres. Mesmo assim, a XP reforçou a projeção de que “o PIB do Brasil crescerá 1,6% em 2022”
Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, o lado positivo do PIB no trimestre foi o mercado de trabalho mais aquecido junto à reabertura da economia. Por outro lado, a inflação e os juros altos afetaram o comportamento da demanda.
“A inflação elevada, bem como a política monetária mais restritiva, parece ter afetado o comportamento da demanda para pior. Nos parece que a combinação da reabertura da economia, com um mercado de trabalho mais aquecido foi o lado positivo”, disse Alexandre.
Mais cautelosa em relação ao PIB, a Órama informou que está estudando os números do PIB com cuidado para reavaliar se realizará modificações no PIB anual, que, por ora, está em 1,3%.
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Segundo André Perfeito, da Necton, o que chamou a atenção da casa de análise – pelo lado negativo – foi a queda de 3,5% da “Formação Bruta de Capital Fixo” (investimentos). Um segundo fator destacado negativamente foi o fato do setor externo ter um resultado bom devido a alta das exportações (5% de alta na margem), mas as importações terem tombado (queda de 4,6%).
“(Esse fator) sugeriu atividade doméstica mais fraca mesmo com um real que se apreciou no período”, disse Perfeito.
Por outro lado, o economista-chefe da Necton afirmou que, de maneira geral, os números reiteram a melhora na margem, já que o PIB acelerou de 0,7% para 1%, mas não deixam de mostrar os desafios do atual momento.
“Vale notar que, com a elevação da Selic, é consenso que a atividade deve desacelerar ao longo do segundo semestre, mas por ora não iremos alterar nossas projeções”, afirmou Perfeito sobre o PIB.