O resultado do PIB do terceiro trimestre de 2023 (3T23), divulgado nesta terça-feira (5), confirmou a desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, mas sem entrar no terreno negativo. Houve alta de 0,1% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, número um pouco melhor que o recuo de 0,2% estimado pelos analistas. O BP Money reuniu a análise de alguns especialistas sobre o resultado do principal indicador econômico do Brasil e suas previsões de desempenho para 2024.
Na avaliação do estrategista-chefe da Acqua Vero, Antonio van Moorsel, o inesperado crescimento de 0,1% no PIB no terceiro trimestre, contrariando as estimativas de retração, indica uma desaceleração econômica moderada. Ele destaca que o impulso registrado no primeiro semestre, principalmente impulsionado pela agropecuária, não se repetiu, contribuindo para a estagnação na segunda metade do ano. Moorsel alerta que a ausência de estímulo da agropecuária pode acentuar a desaceleração, especialmente devido aos juros elevados.
“O resultado ratifica a desaceleração econômica, contudo em ritmo mais moderado do que o esperado e, assim, deve estimular revisões das estimativas de expansão neste ano. No que se refere à política monetária, a surpresa reduz a probabilidade de intensificação do processo de distensão da taxa Selic, haja vista que não há motivo para o BCB se precipitar, pois a economia continua sadia”, avaliou.
Por outro lado, o economista e analista ALM da Efí, Paulo Silva, destaca em resposta ao BP Money que o PIB brasileiro no terceiro trimestre superou as expectativas do mercado, crescendo 0,1% em comparação com o trimestre anterior, enquanto as previsões apontavam para uma contração de 0,2%. Ele ressalta que, na análise anual, o crescimento foi mais expressivo, atingindo 3,1%. Os setores de serviços e indústria foram os principais impulsionadores desse desempenho, com crescimentos de 0,6% e 0,57%, respectivamente.
Análise por setores do PIB
Silva observa que, apesar da contração no agronegócio de 3,3%, o setor mantém um sólido crescimento anual de 8,77%. Ele destaca que o consumo das famílias e o consumo governamental continuaram a crescer, mas os investimentos apresentaram uma retração preocupante de 2,53%.
“Com um olhar direcionado para a esfera externa, temos um panorama promissor. As importações retrocederam 2,14%, enquanto as exportações registraram um aumento de 3,95% ao longo do trimestre. Analisando de uma perspectiva anual, as importações caíram 6,14% e as exportações aumentaram 9,99%. Essencialmente, estes movimentos reforçam nossas expetativas otimistas para o PIB, entretanto, manteremos uma postura cautelosa quanto às tendências dos próximos meses e seu possível impacto na economia brasileira”, avaliou o profissional.
De olho em 2024
As previsões para o próximo ano seguem um patamar promissor. De acordo com a análise do economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, o crescimento de 0,1% no PIB do terceiro trimestre contraria as projeções de queda e coloca uma expectativa otimista para 2024, superando o previsto no Boletim Focus.
“Acredito que esse resultado coloca uma expectativa para o PIB de 2024, acima do 1,5% previsto no Boletim Focus”, diz, mencionando relatório semanal do Banco Central (BC)”, disse em resposta ao BP Money.
O economista atribui o resultado positivo à geração de empregos, ao aumento do consumo das famílias e à elevação da renda salarial. Eyng observa que 67% do PIB é representado por setores de serviço e indústria, que surpreenderam positivamente. Ele ressalta que a economia brasileira foi impactada positivamente pela estabilidade profissional, resultando em um aumento do consumo. Com uma perspectiva otimista para o quarto trimestre, Eyng projeta um PIB acima de 3% em 2023 e um crescimento em torno de 2% em 2024.
Paulo Silva também demonstra expectativa positiva para 2024, ao afirmar que prevê “um crescimento em torno de 2%”. Já para o quarto trimestre: “prevemos um cenário otimista, principalmente devido ao panorama externo mais robusto e os efeitos defasados do relaxamento monetário. Antecipamos também um contexto mais favorável para os investimentos nos próximos trimestres, principalmente devido à baixa base de comparação. Assim, as projeções indicam um PIB em 2023 acima de 3%”, analisou.