PIB do Brasil cresce 2,9% em 2022, apesar de 4t22 registrar queda

No final do ano, houve uma desaceleração econômica de 0,2% em comparação com o trimestre anterior

O PIB (Produto Interno Bruto) avançou 2,9% em 2022, segundo os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (2). Apesar do crescimento total no ano, o quarto trimestre registrou uma queda de 0,2% em relação ao trimestre anterior, interrompendo uma sequência de cinco trimestres positivos.

Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 9,9 trilhões em 2022, sendo que R$ 2,6 trilhões do quarto trimestre. O PIB per capita também teve uma alta real de 2,2% ante o ano anterior, registrando R$ 46.154,60 em 2022.

Em comparação com o ano anterior, em 2021 o PIB cresceu 5%. O bom desempenho de 2021, segundo analistas, se deve ao fato de que a comparação foi feita em relação a 2020, ano da pandemia de Covid-19 em que houve uma crise na economia mundial.

“O crescimento de 5% em 2021 é reflexo de uma retomada importante da economia depois de um forte golpe desferido pela pandemia. Enquanto o crescimento de 2022, de menor intensidade, reflete os nossos limites de crescimento, a política monetária em curso e a suavização dos efeitos da retomada do setor de serviços”, explicou o professor e mestre em economia André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.

Já a queda do último trimestre demonstra uma perda de fôlego no fim do ano. No primeiro trimestre de 2022, houve um avanço de 0,67%, enquanto o segundo trimestre apresentou uma alta de 1,29% e o terceiro trimestre de 1,63%. Ainda assim, o quarto trimestre do ano passado, se comparado com o mesmo período de 2021, demonstra uma alta de 1,9%.

Principais destaques do PIB

Segundo o planejador financeiro CFP e sócio da A7 Capital, Renan Suehasu, um dos destaques positivos do PIB foram as exportações, com crescimento de 5,5% favorecido por conta de um dólar muito forte.

“[Destaque positivo também] para o setor de serviços, com crescimento de 4,2%, puxado pelo segmento de transporte (8,4%) e comunicação (5,4%). Outro aumento significativo foi do consumo das famílias (4,3%), que foi um setor que se beneficiou nos últimos meses com os incentivos e benefícios do governo”, explicou.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, afirmou que o crescimento do ano foi puxado principalmente pelos serviços. segundo ela, do avanço de 2,9% na taxa anual, 2,4% podem ser atribuídas ao setor.

Já para o destaque negativo, Suehasu explica que o setor de agropecuária teve um decréscimo de 1,7% ao longo de 2022. “Isso por conta de existir uma grande insatisfação da classe com relação aos resultados das eleições. Acredito que isso pode ter tido impacto nos investimentos desse setor”, disse.

Confira o crescimento por setor em 2022:

 

Serviços: 4,2%
Indústria: 1,6%
Agropecuária: -1,7%
Consumo das famílias: 4,3%
Consumo do governo: 1,5%
Investimentos: 0,9%
Exportações: 5,5%
Importação: 0,8%

Expectativa para 2023

Para o professor Galhardo, o crescimento de 2,9% do PIB em 2022 é parcialmente positivo, já que foi mais forte do que esperavam os analistas no começo do ano, mas teve uma razão pontual para isso, que não deve se repetir.

“Grande parte desta expansão foi provocada pela forte injeção de recursos promovida pelo governo ao longo do ano passado. Esse tipo de crescimento (pontual e passageiro) colocou em risco a eficácia da política monetária, ao atuar como um cabo de guerra em relação à política monetária. Em outras palavras, parte do crescimento está conectado a eventos que não devem se repetir ao longo de 2023”, explicou o professor e mestre em economia André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.