O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu 2,8% na segunda leitura do terceiro trimestre de 2024, Departamento de Comércio nesta quarta-feira (27). Especialistas consultados pelo BP Money foram unânimes ao afirmar que o resultado pode dar ao Fed (Federal Reserve) mais segurança para cortar os juros em dezembro.
Isso porque o número mostra uma economia robusta, mas não superaquecida, já que, apesar de ter vindo em linha com as expectativas do mercado, representa uma desaceleração frente aos trimestres anteriores.
Além disso, o núcleo de preços PCE, o preferido do Fed, subiu 2,10% no terceiro trimestre, uma desaceleração em relação aos 2,80% do segundo trimestre. De acordo com Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, dados sugerem uma inflação mais moderada, o que deve influenciar as decisões sobre os juros.
“Esse quadro pode dar ao Federal Reserve mais segurança para considerar um novo corte de juros de 0,50 p.p, especialmente se a inflação continuar cedendo e a economia der sinais de desaceleração gradual”, destacou Volnei.
O especialista ressaltou ainda os números dos pedidos iniciais e contínuos de seguro-desemprego ligeiramente abaixo do esperado. “Sinaliza que o mercado de trabalho continua resiliente, mas sem indicar um aperto excessivo que pudesse alimentar a inflação salarial”, completou.
Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, lembra, porém, que as incertezas em relação às taxas de juros dos EUA aumentaram após a vitória de Donald Trump nas eleições e o potencial impacto inflacionário de suas políticas.
“A decisão [sobre os juros] dependerá de novos indicadores, relacionados à inflação e os dados do mercado de trabalho, para ajustar o ritmo do ciclo de cortes”, destacou Lima.
PIB dos EUA e os impactos nos investimentos
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, avalia que, se os números forem entendidos como um sinal de resiliência econômica, a expectativa de uma pausa nas reduções pode beneficiar setores mais sensíveis às taxas, como o mercado imobiliário e o de ações.
“Por outro lado, caso surjam indícios de fraqueza econômica, os investidores podem antecipar um ciclo prolongado de cortes de juros, o que pode influenciar tanto os ativos de risco quanto os investimentos em renda fixa”, pontuou Laatus.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, chamou atenção para o investimento em startups. Segundo ele, investidores se sentirão mais seguros para investir diante de uma economia que mostra sinais de resiliência, especialmente em um ambiente de juros mais baixos ou estáveis.
“No entanto, se a desaceleração econômica se acentuar, o risco de um ambiente mais cauteloso se intensifica, o que poderia reduzir a disponibilidade de capital de risco para startups e empresas em estágio inicial”, disse Kepler.