Especialistas avaliam

PNAD e Caged acalmam mercado e podem moderar alta dos juros

Os números trazem uma mudança após uma sequência de reduções, em que o país caminhava para o pleno emprego

PNAD

A taxa de desocupação chegou a 6,2% no trimestre encerrado em dezembro de 2024, o que representa uma estabilidade, com queda de 0,2 ponto percentual em relação aos três meses anteriores. Os dados são da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, divulgados nesta sexta-feira (31).

Os números trazem uma mudança após uma sequência de reduções, em que o país caminhava para o pleno emprego, destaca o economista-chefe da Planner Investimentos, Ricardo Martins.

No teto das expectativas do mercado, esses resultados podem indicar um arrefecimento da inflação, afirma o economista da Valor Investimento Dante Araujo. “Com isso, muito provavelmente o Banco Central não precisará subir tanto sua taxa de juros“, afirma o especialista.

“Então, isso acalmou um pouco o mercado, principalmente quando a gente olha as expectativas de juros que nós temos”, completa. Dessa forma, a trajetória da Selic deve continuar ascendente, mas a taxa terminal pode diminuir.

“Ao invés do Banco Central precisar elevar a taxa de juros até 15,5%, por exemplo, pode ser que ele pare ali por volta de 15%, 14,75%“, projeta o especialista.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados nesta quinta-feira (30), reforçam essa perspectiva ao mostrar uma redução do número de vagas em dezembro, com um saldo negativo de 535.547 no mês, superando as estimativas do mercado, de um fechamento de 405.250 vagas.

“A sazonalidade de dezembro é sempre aguardada, mas desta vez ela foi mais intensa do que em anos anteriores, inclusive a maior desde a pandemia”, comenta Martins.

Preocupações fiscais e inflacionárias continuam fortes, mesmo com otimismo pela PNAD

Araujo avalia que as expectativas do mercado estão um pouco mais otimistas do que estavam na semana passada, mas ressalva que isso não quer dizer que a preocupação fiscal acabou.

Mesmo com uma perspectiva melhor, as preocupações com inflação devem seguir fortes, uma vez que a massa de rendimento real habitual continua crescendo, com alta de 6,5% em 2024 em relação a 2023, para R$ 328,9 bilhões, de acordo com os dados da PNAD.

A alta é sustentada pela resiliência do emprego e pelos ganhos reais, afirma o economista Maykon Douglas.

Os dados da PNAD também sinalizam uma desaceleração no PIB (produto interno bruto) no quarto trimestre de 2024, em relação ao resto do ano, indicando um ritmo de atividade mais modesto para 2025, avalia o economista do ASA Leonardo Costa.

Porém, a situação inflacionária pode melhorar a longo prazo, uma vez que os dados do Caged e da PNAD indicam o início de uma tendência de queda no emprego para os próximos meses, conforme a Selic vai subindo, defende o analista de investimentos do AndBank Fernando Bresciani.

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