O radar do mercado financeiro tem captado com mais frequência o risco da economia brasileira entrar em dominância fiscal. Na avaliação do economista-chefe do Citi, Leonardo Porto, o Brasil ainda não chegou nesse nível, porém os esforços do BC (Banco Central) para segurar a inflação estão se tornando ineficazes.
A principal razão que ancora essa estimativa foi a piora nas expectativas após o governo federal apresentar o pacote fiscal, que veio junto com o anúncio da reforma do IR (Imposto de Renda), no fim de novembro.
Entrar em dominância fiscal quer dizer que a política monetária do BC (Banco Central) para controlar a inflação começa a perder eficácia e ser dominada pela política fiscal. Dessa forma, a alta dos juros já começa a ser ineficiente para reduzir a variação de preços.
O economista-chefe do Citi afastou o cenário de dominância fiscal e ressaltou as expectativas dos analistas, medida pelo Boletim Focus, de que a alta dos juros vai trazer o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para próximo da meta nos próximos anos.
“Quando não tem choques acontecendo, como no câmbio, isso sugere que a gente não está em dominância fiscal”, disse Porto, de acordo com a “CNN Brasil”.
No entanto, o executivo do banco norte-americano ponderou que a força da elevação da Selic (taxa básica de juros) para segurar a inflação está perdendo tração.
“O canal de transmissão da política monetária através do canal de expectativas está operando com ‘menos óleo no maquinário’, está menos fluído”, afirmou Porto.
BC: comissão do Senado aprova três indicados de Lula
A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou, nesta terça-feira (10), os três novos indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria do BC (Banco Central). As indicações seguem para apreciação do plenário do Senado, onde ocorre a votação final para que os nomes sejam autorizados a assumir os cargos, em janeiro.
Os nomeados foram Nilton David, chefe de operações de tesouraria do banco Bradesco, para a diretoria de Política Monetária; Gilneu Vivan, servidor de carreira do BC, para a diretoria de Regulação e Relacionamento; e Izabela Correa, também servidora do banco, para a diretoria de Cidadania e Supervisão de Conduta.