Poupança deixa de perder para inflação após dois anos

Em 12 meses, a inflação oficial acumula 7,17%, enquanto que uma aplicação na poupança rendeu 7,27% no período

A caderneta de poupança, pela primeira vez em dois anos, deixou de perder da inflação, após o recuo do índice em setembro. No último mês, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou deflação de 0,29%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

Em 12 meses, a inflação oficial acumula 7,17%, número levemente inferior ao rendimento da poupança no mesmo período. Segundo a Calculadora do Cidadão, disponível na página do Banco Central (BC) na internet, uma aplicação na caderneta de poupança rendeu 7,27% em 12 meses. 

O BC iniciou o ciclo de alta da taxa Selic em março de 2021, fazendo com que a taxa de juros do País saísse de 2% para 13,75% ao ano. 

O IPCA, que até julho deste ano superava os dois dígitos no acumulado em 12 meses, recuou após três deflações consecutivas provocadas principalmente pelo corte de impostos em combustíveis, energia, telecomunicações e transporte coletivo. Esses dois fatores aos poucos reverteram a perda da poupança para a inflação.

Atualmente, a poupança rende 6,17% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). Essa regra vale quando a taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, o que ocorre desde dezembro do ano passado. Quando os juros básicos estão abaixo desse nível, a poupança rende 70% da Selic.

Com isso, a caderneta seguirá ganhando da inflação nos próximos meses. No último Boletim Focus, os analistas previam que o IPCA deve fechar 2022 em 5,71% e a Selic se manterá em 13,75% ao ano, que fará que a caderneta siga rendendo em torno de 7,5% no acumulado de 12 meses.

Poupança tem maior saída líquida da história

O saldo total da poupança ficou abaixo de R$ 1 trilhão em agosto, mês no qual os saques superaram os depósitos em R$ 22,015 bilhões. É a maior saída líquida da séria histórica, iniciada em janeiro de 1995. Os dados foram divulgados pelo Banco Central. 

Em agosto, o volume sacado também foi recorde, com R$ 338,258 bilhões. Por sua vez, os depósitos totalizaram R$ 316,242 bilhões. No mês de julho, a captação líquida foi também foi negativa, em R$ 12,662 bilhões. No primeiro semestre do ano, a poupança acumulou captação negativa em R$ 85,167 bilhões.