O saldo da aplicação na caderneta de poupança voltou a cair com o registro de mais saques do que depósitos no mês de julho. As saídas superaram as entradas em R$ 3,58 bilhões, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central (BC).
O resultado negativo, no entando, foi menor do que o verificado no mesmo período do ano passado, quando foram sacados R$ 12,66 bilhões a mais do que depositados.
Em julho de 2023, foram aplicados R$ 326,61 bilhões, contra saques de R$ 330,19 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas de poupança somaram R$ 6,16 bilhões.
Com o resultado do mês passado, a poupança acumula retirada líquida de R$ 70,22 bilhões nos primeiros sete meses do ano.
Em 2022, em meio ao cenário de inflação e endividamento, a caderneta registrou fuga líquida recorde de R$ 103,24 bilhões.
Os rendimentos voltaram a ganhar da inflação por causa dos aumentos da taxa Selic (juros básicos da economia), mas outras aplicações de renda fixa continuam mais rentaveis que a poupança.
Como funciona a Poupança?
Simples e bastante acessível, a poupança caiu no gosto da maioria dos brasileiros por conta desses fatores. A rentabilidade é a mesma em qualquer instituição e até menores de idade podem ter a sua, com autorização de um responsável legal.
Uma grande vantagem é que a poupança é isenta de custos. Além disso, também não há incidência de tributos. Os rendimentos da caderneta não pagam Imposto de Renda.
Vale salientar que, mesmo não sendo tributado, o investidor precisa declarar no IR caso tenha mais do que R$ 140 na caderneta.
Outro grande atrativo dessa modalidade é a facilidade de resgastar uma aplicação. Ao solicitar um resgate, os recursos caem na conta corrente no mesmo momento, de maneira simples e nada burocrática.
Por ter esse processo bem acessível, costuma-se dizer que a poupança tem liquidez diária.
Apesar de ter liquidez diária, a poupança funciona de uma maneira bem peculiar. Sua remuneração é creditada apenas mensalmente, na data de abertura da conta. Assim, uma aplicação realizada no dia 10 de um determinado mês só fará jus à remuneração exatamente no dia 10 do mês seguinte. Se resgatar o dinheiro no dia 9, perde-se todo o retorno do período.
Bastante segura, a poupança conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que assegura, em caso de calote ou quebra do banco, quem tem dinheiro aplicado na caderneta receberá de volta até R$ 250 mil.
Como funciona o rendimento da Poupança
No rendimento da poupança foi estabelecido um gatilho que altera o valor conforme o patamar em que se encontra a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia nacional.
Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa Referencial); Caso a Selic esteja igual a ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será equivalente a 70% da Selic mais a variação da TR.
A rentabilidade da caderneta também está sendo prejudicada pela TR. A Taxa Referencial é calculada a partir das médias das taxas dos CDBs prefixados, emitidos por 30 instituições financeiras. Só que mudanças recentes na fórmula posicionaram a TR em zero desde setembro de 2017.
Vantagens e desvantagens para investir na Poupança
Bastante popular no país, a poupança conta com vantagens e desvantagens. É preciso reconhecer que na poupança o investidor possui cerca comodidade para aplicar em seu próprio banco, uma liquidez imediata e a proteção do FGC, como dito acima.
No entanto, existem também algumas desvantagens ao se investir na poupança. O mecanismo de “aniversário do depósito” é uma delas, já que é preciso aguardar todo mês para ver a rentabilidade.
Outra desvantagem de investir na poupança é a garantia limitada do FGC, ao contrário de aplicações com garantias ilimitadas, como é o caso dos títulos públicos. Quem adquire um título do Tesouro Selic, ou algum Fundo DI que invista nestes papéis, provavelmente estará mais protegido do que o simples poupador na poupança.
Outro ponto que joga contra é a de que, de maneira geral, o investimento não é corrigido pela inflação. Desta forma, se os rendimentos forem sendo sacados ao longo do tempo e não forem reinvestidos, o valor do capital do investidor irá ser corroído pela inflação.
A poupança apresenta um baixo risco, mas também um baixo retorno. Isto ocorre pois essa rentabilidade segue as regras e as normatizações estabelecidas pelo governo.
Vale a pena investir na Poupança?
Como dito anteriormente, a Poupança sempre foi o tipo de investimento mais popular entre os brasileiros. Por vezes, a única opção para uma parcela enorme da população. No entanto, o mercado vem se modernizando nas últimas décadas, o que acabou mudando a situação.
Ela segue sendo um tipo de aplicação simples e sem burocacria. Por não prever aplicação mínima, é uma alternativa para quem tem pouco dinheiro para investir. E como não envolve custos e tem garantia do FGC, pode ser uma opção para quem está começando a se organizar financeiramente.
No entanto, a poupança tem uma rentabilidade muito baixa, no qual seu ganho real é sempre próximo de zero ou até negativo. Algumas outras aplicações de renda fixa com risco equivalente ao da caderneta oferecem uma remuneração mais alta e, portanto, mais chance de preservar o poder de compra no futuro.
Existem alguns exemplos de investimentos mais rentáveis que a poupança, como CDBs, LCIs e LCAs, títulos públicos e fundos de renda fixa.