Fed não surpreendeu

Powell diz que decisão não representa 'novo ritmo de cortes'

“Não houve outro caminho para o Fed depois que o PCE subiu apenas 0,2% em julho, levando a inflação em 12 meses para 2,5%", disse analista

Jerome Powell, presidente Fed / Foto: Colagem BPM
Jerome Powell, presidente Fed / Foto: Colagem BPM

A decisão de um corte na taxa de juros de 0,50 p.p, pelo Fed (Federal Reserve), divulgada nesta quarta-feira (18), não surpreendeu os mercados. Após o anúncio ocorreu a coletiva de imprensa com o presidente da autarquia, Jerome Powell. Ele destacou que a decisão não deve ditar o ritmo atual da entidade.

“Ninguém deve olhar a decisão de hoje e pensar que esse é o novo ritmo de cortes”, disse Powell.

Na perspectiva do coordenador da Comissão de Economia da APIMEC Brasil, Álvaro Bandeira, o corte “afasta um pouco a possibilidade de um pouso mais forte da economia [do país]”.

O coordenador da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil também acrescentou que o Fed segue “batendo na tecla” de que está monitorando o fato de que a inflação está subindo em direção à meta de 2%.

A afirmação do especialista foi alinhada às palavras de Powell. “Agora, a inflação está caindo e caindo para os 2%”, disse a autoridade em coletiva de imprensa.

Powell também declarou que a entidade está “calibrando a política em um ponto mais neutro”.

Além disso, o presidente do Fed disse, em vários momentos durante seu discurso, que a entidade irá analisar os dados e avaliar se é o momento de parar, acelerar ou realizar um novo corte.

Segundo analistas de mercado, a impressão é que as falas de Powell se colocam mais como uma estratégia de política monetária e não como algo que efetivamente vá ocorrer, no que diz respeito ao “pouso suave” versus um “pouso mais forte”.

‘Não havia outro caminho para o Fed’, diz especialista após falas de Powell

“Não houve outro caminho para o Fed depois que o PCE (índice de preços utilizados pelo Fed) subiu apenas 0,2% em julho, levando a inflação em 12 meses para 2,5% (número considerado aceitável)”, disse Alexandre Dellamura, mestre em economia e chefe de conteúdo da Melver.

“Além disso, havia o recebimento de que, se a redução dos juros não começasse agora, o país poderia entrar em recessão”, acrescentou Dellamura.

Vale lembrar que os juros não atingiram um patamar tão alto há 20 anos. A taxa de desemprego, por exemplo, avançou 0,8% e está na casa dos 4%.

Outro ponto de destaque foi o fato da entidade esperar mais cortes de juros ainda em 2024, como indicado Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Atualmente o intervalo chega a 4,25%.

“Por mais que o comunicado não tenha sido explícito, o corte de 0,50 pp confirma claramente que as preocupações com a saúde do mercado de trabalho pesaram mais na decisão do que os riscos relativos à inflação”, declarou Igliori.

“Os mercados reagiram positivamente à decisão, mas a digestão desse movimento histórico ainda vai levar tempo, e muita volatilidade deve ser esperada nos próximos dias”, completou o economista-chefe da Nomad.

Em relação ao mercado financeiro, nos EUA, a bolsa iniciou em alta após a decisão, mas agora opera próximo da estabilidade.

“No Brasil o ritmo de realização de lucros segue, chegou a subir após a decisão e em parte do discurso de Powell, mas já opera próximo das mínimas”, pontuou Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

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