Presidente do Fed

Powell põe em dúvida retomada do corte de juros nos EUA

Powell apontou que o Fed pode manter os juros altos por mais tempo, se a economia permanecer forte e a inflação menor não se sustentar

Na última reunião realizada em janeiro o Fed (Federal Reserve) decidiu manter a taxa de juros inalterada, e mesmo com os juros em níveis menores e a economia dos EUA segue forte. Porém, Jerome Powell, presidente do Banco Central norte-americano, declarou que não precisa ter pressa para ajustar as taxas. 

“Sabemos que reduzir os juros muito rápido pode prejudicar o progresso na inflação. Ao mesmo tempo, reduzir as taxas muito lentamente ou muito pouco pode enfraquecer de forma indevida a atividade econômica e o emprego”, disse Powell, em seu discurso no Senado dos EUA nesta terça-feira (11).

“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais, iremos avaliar os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos”, prosseguiu. Até então, a expectativa do mercado financeiro é que a autoridade monetária retome os cortes apenas em junho.

Powell apontou que o Fed pode manter os juros altos por mais tempo, se a economia permanecer forte e a inflação não continuar a se mover de forma sustentável em direção à meta de 2%. 

No entanto, em outra frente, se o mercado de trabalho enfraquecer inesperadamente ou a inflação cair mais rapidamente do que o previsto, poderá voltar a cortar os juros.

“Estamos atentos aos riscos para ambos os lados, e a política está bem posicionada para lidar com os riscos e incertezas que enfrentamos”, afirmou Powell, segundo o “Valor”.

A análise do presidente do Fed é que, um amplo conjunto de indicadores sugere que o mercado de trabalho está amplamente equilibrado, o que não o torna uma fonte de pressões inflacionárias significativas.

Powell: há incerteza para riscos de alta da inflação em 2025

Jerome Powell, o presidente do Fed (Federal Reserve), disse que vê riscos de alta da inflação em 2025. O chair concedeu entrevista coletiva após a divulgação de decisão da autoridade monetária em reduzir os juros dos EUA, nesta quarta-feira (18).

Mais cedo, o Fed anunciou o corte dos juros em 0,25 ponto, que chegou à faixa de 4,25% a 4,5% ao ano, em decisão já esperada pelo mercado. No entanto, o comunicado da autoridade sinalizou que essa redução será menor em 2025. 

“Os cortes mais lentos para o próximo ano refletem os resultados de inflação mais altos que tivemos neste ano e as expectativas e incerteza sobre os preços para o futuro”, disse Powell.

O Banco Central dos EUA começou a trajetória de corte nas taxas de juros em setembro desde ano. Após a redução realizada nesta quarta, a terceira do ano, a taxa de juros do país chegou a um nível de 1 ponto percentual menor do que quando começou o ciclo de afrouxamento. 

“À medida que a economia evoluir, a política monetária vai se ajustar com o objetivo de manter o duplo mandato. Reduzir a restritividade da política monetária muito rápido ou demais poderia acabar com o progresso da inflação. Por outro lado, lento demais ou pouco poderia ferir a atividade econômica e a empregabilidade”, reforçou Powell.

O presidente do Fed ressaltou que a instituição fez “grande progresso” durante seu duplo mandato  para conter a elevação dos preços, ao passo que seguiu promovendo maior empregabilidade possível no mercado de trabalho. 

“Estamos confiantes sobre a queda que estamos vendo e na história por trás dela. Sentimos que estamos no caminho certo, nossa política monetária vai nos levar até lá”, avaliou Powell.

Além disso, ele reconheceu que os juros seguem restritivos no país, porém serão necessários sinais mais claros da evolução dos dois lados do mandato do Fed para que haja cortes adicionais.

“Como a economia está sólida, podemos ser cautelosos […] Os cortes que fizermos no próximo ano não terão relação com nada que escrevemos hoje, vamos reagir aos dados que forem surgindo”, acrescentou Powell.