Especialistas projetam que a inflação para as proteínas vai superar os 10% em 2021, após já ter disparado ano passado. O crescimento previsto para esse ano, está bem acima das estimativas para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%. As informações são do Estadão.
Segundo a consultoria LCA, a maior alta em 2021 vai continuar sendo no preço da carne de boi (17,6%), seguida da de porco (15,1%) e de frango (11,8%). Alternativas como o ovo galinha também deve aumentar (7,6%). Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê um aumento nos preços do frango entre 10% e 15% já no fim de julho e início de agosto.
Essas previsões chegam num momento de queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que já reclamou em público do reajuste dos preços da carne, do arroz, do gás de cozinha e dos combustíveis.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, os motivos do aumento da carne bovina diferem das razões para as outras carnes. Enquanto os produtores de gado tiveram redução na produção e maior exportação, a culpa pelo preço maior do frango, do porco e dos ovos recai sobre os insumos para a criação dos animais.
Segundo levantamento realizado pela Embrapa, os valores de produção ao total subiram 52,30%, para o frango, e 47,53%, para os suínos, nos últimos 12 meses. Matérias-primas para a ração, o milho teve alta de preços de 68,8% em 2020, enquanto a soja ficou 79,4% mais cara no atacado. As projeções para 2021 são de aumento de 39,8%, para o milho, e de 7,2%, para a soja.
Os produtores afirmam que a única alternativa é o repasse dos custos para os preços ao longo da cadeia, até chegar às gôndolas dos supermercados. Santin disse que, até agora, os frangos comercializados na ponta foram criados, por exemplo, com o milho vendido a R$ 50 a saca, valor que disparou para R$ 90 nos últimos meses.
“Há um prazo de produção até chegar às prateleiras, agora que estão começando a chegar os frangos que estão comendo o milho mais caro. As empresas terão de repassar o preço ou, então, quebram”, completou.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, em junho de 2020 as famílias gastavam em média R$ 36,62 por mês com o consumo de frango. Com o aumento do preço do produto e a substituição da carne bovina, o gasto passou para R$ 43,95 no mês passado.
“Há uma tendência de alta daqui para frente, mas esse aumento para chegar à ponta vai depender dos níveis de estoque de cada empresa. Os supermercados vão negociar exaustivamente os preços. Quando não conseguirem negociar mais, vão repassar para o consumidor”, disse.