A presidente do Fed (Federal Reserve) de Cleveland, Beth Hammack, afirmou que a inflação dos EUA desacelerou, mas ainda não está no patamar desejado, por isso, é apropriado manter juros estáveis por algum tempo. As declarações foram feitas no discurso da presidente em um evento da Universidade de Kentucky.
“O esfriamento do mercado de trabalho ajudou a reduzir a inflação, mas ela ainda não voltou ao ponto que queremos”, disse Hammack. De acordo com ela, a inflação elevada vivenciada recentemente gerou alta nos preços que dificilmente será revertida.
“Dadas as condições econômicas atuais, provavelmente será apropriado manter a taxa de juros estável por algum tempo”, afirmou. “Estamos bem posicionados para responder a mudanças na perspectiva para atingir nossa meta de pleno emprego e estabilidade de preços.”
O cenário político incerto também justifica uma abordagem mais paciente na política monetária, segundo a presidente. “Há incerteza sobre quais políticas governamentais potenciais podem ser implementadas no curto prazo, e há uma incerteza considerável sobre seus efeitos econômicos”, afirma.
A dirigente também expressou incerteza sobre a restritividade da política monetária. “Como vejo um forte crescimento econômico, a baixa taxa de desemprego e a inflação ainda elevada, minha visão geral até hoje é que a política monetária é apenas modestamente restritiva”, pontuou. ”Podemos estar em ou perto de um nível neutro”.
Fed: tarifas de Trump podem atrapalhar rumo dos juros
O presidente da distrital do Fed (Federal Reserve) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou nesta quarta-feira (05) que a política tarifária de Donald Trump pode atrapalhar a capacidade da autoridade monetária em lidar com a inflação.
O Fed está considerando qualquer fator que aumente os preços, disse Goolsbee, e caso o progresso da inflação seja interrompido o banco central americano pode se ver em uma posição difícil, “tentando entender se a inflação é resultado de um superaquecimento da economia ou se ela é causada pelas tarifas”.
“Essa distinção será crucial para decidir quando ou até mesmo se o Fed deve agir”, disse Goolsbee, segundo o “Valor”. O dirigente considera ser “perigoso” ignorar fatores que atrapalham as cadeias de suprimentos, a exemplo do aumento de tarifas, devido ao seu impacto significativo sobre a inflação.
Contudo, a única razão que faria o Fed aumentar as taxas de juros nos EUA seria se a economia estivesse superaquecendo, e não há sinais disso nos dados, disse o presidente da distrital do Fed de Richmond, Thomas Barkin.
“Vejo a inflação caindo, não subindo. Vejo o mercado de trabalho se estabilizando. Não parece que estamos superaquecendo”, afirmou Barkin, em uma entrevista à “Bloomberg Television”. Porém, o dirigente também enfatizou que não estava descartando nenhuma possibilidade.
A projeção mais recente do Fed, segundo Barkin, foi divulgada em dezembro e indicava uma tendência favorável a mais cortes. No entanto, ele afirmou que dezembro “parece que foi há muito tempo”.