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Produção industrial podem indicar queda no PIB deste trimestre

Para o economista Paulo Gala, os dados da PIM já estão acendendo "um sinal de alerta"

Producao Industrial
Industria / Foto: Divulgação

As quedas sequenciais na produção industrial brasileira, somadas à desaceleração de outros indicadores, podem indicar uma queda no PIB (produto interno bruto) do país no primeiro trimestre de 2025, avalia o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

“Começa a se desenhar aqui um cenário de Brasil desacelerando mesmo e a queda da produção industrial agora em dezembro ajuda a confirmar isso”, diz o economista.

A baixa de 0,3% na PIM (Pesquisa Industrial Mensal) de dezembro, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (5), foi o destaque da manhã. A produção industrial do país já havia caído 0,7% em novembro. Na média móvel trimestral, o índice caiu 0,4%.

“Então já está acendendo aí o sinal de alerta”, comenta Gala. Segundo o economista, “sem dúvida” os dados são evidência de que o país está desacelerando. A perspectiva de queda na atividade é reforçada pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) de novembro, que registrou baixa de 0,4%, e outros dados do quarto trimestre.

“Eventualmente podemos ter até uma queda de PIB trimestral no primeiro trimestre desse ano”, projeta Gala. Dessa forma, o economista defende que o mais importante para os agentes do mercado, agora, é monitorar os níveis de atividade do país.

Para o economista Maykon Douglas, já era esperado que a indústria sentiria primeiro os efeitos dos avanços da política monetária, revelando sinais incipientes de desaceleração da economia doméstica.

Dados da produção industrial não são suficientes para direcionar o mercado como um todo

Porém, o economista do ASA Leonardo Costa defende que a desaceleração deve ser “bastante gradual”, uma vez que a indústria registrou um crescimento acumulado robusto, de 3,1% em 2024. “Vamos esperar os dados de comércio e serviços para ter uma visão mais clara”, reforça.

Mesmo com queda na comparação mensal, a alta anual de 1,6% na produção industrial de dezembro, maior que o esperado por analistas, reforça a visão de resistência da atividade, apesar do aumento na taxa de juros “bem agressivo”, avalia o analista de investimentos e sócio da Top Gain, Matheus Lima.

“Então é um dado bem positivo. Vejo com bons olhos o resultado desse dado e acredito que pode trazer aí nos próximos meses mais otimismo para a nossa bolsa“, comenta o analista. Porém, ele admite que as informações da PIM, por si só, não são suficientes para direcionar o rumo do mercado como um todo.

“A manutenção do aperto no mercado de trabalho é um alento, mas a escalada da taxa Selic, que deve terminar o ciclo em 16,25%, na minha projeção, deve seguir penalizando os segmentos mais sensíveis ao crédito”, reforça Douglas.