Especialistas avaliam

Protecionismo de Trump 'cava' economia e faz PIB dos EUA encolher

Especialistas alertam que o 'tarifaço' traz efeitos colaterais importantes: inflação de custos, distorções nas importações

Foto: Daniel Torok/ White House
Foto: Daniel Torok/ White House

O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA registrou uma contração de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, a primeira desde 2022. Especialistas atribuem esse desempenho negativo às políticas protecionistas implementadas pelo presidente Donald Trump, que incluem tarifas elevadas sobre importações e cortes nos gastos públicos.​

Segundo Jorge Kotz, CEO do Grupo X, o recuo no PIB noste-americano de 0,3% no primeiro trimestre de 2025 “reflete a desaceleração de uma economia que já enfrenta desafios estruturais, especialmente com as políticas protecionistas do governo Trump”. 

O executivo destaca que as tarifas impostas geraram um impacto direto no crescimento, com uma desaceleração do consumo e um aumento nas importações.​

O “tarifaço” de Trump se refere à reintrodução e ampliação agressiva de tarifas sobre importações, especialmente voltadas contra a China, implementadas no início de seu novo mandato em 2025. Um dos pontos mais simbólicos foi a tarifa de 145% sobre produtos chineses, medida que impactou diretamente cadeias produtivas globais e elevou o custo de insumos e bens de consumo nos EUA.

O tiro saiu pela culatra?

João Kepler, CEO da Equity Group, acrescenta que os dados do PIB dos EUA no início de 2025 indicam uma desaceleração que, embora momentânea, coloca o foco na necessidade de um ajuste na política monetária. 

Kepler ressalta que a tentativa do governo Trump de enfraquecer o dólar por meio de tarifas elevadas e a redução de gastos do governo se reflete diretamente na demanda global, impactando mercados emergentes.​

A estratégia do presidente republicano visa, segundo o próprio governo, proteger a indústria nacional e reduzir o déficit comercial, mas especialistas alertam que ela traz efeitos colaterais importantes: inflação de custos, distorções nas importações — como a antecipação de compras — e retração no crescimento econômico.

O desempenho negativo da economia norte-americana no início de 2025 está diretamente associado ao retorno de medidas protecionistas sob o governo Trump, também avalia Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

O especialista explica que o repentino aumento das tarifas fez com que muitas empresas antecipassem suas compras externas, distorcendo o volume de importações e pressionando para baixo o resultado do PIB.

Especilaistas enxergam opotunidade para Brasil em meio a ‘tarifaço’

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observa que “a contração de 0,3% do PIB dos EUA no primeiro trimestre de 2025 revela uma economia americana em transição”.

Monteiro acredita que esse cenário tem sido uma oportunidade para o Brasil, que apresenta um quadro fiscal mais equilibrado, com superávit primário e redução da dívida pública, posicionando-se estrategicamente para atrair investimentos.​

“Para o Brasil, esse enfraquecimento do ciclo americano tem implicações diretas na chegada de capitais: o fluxo de investimentos tende a se redirecionar para mercados com maior diferencial de crescimento”, complementa Felipe Uchida, sócio da Equus Capital. 

Uchida observa que o Brasil, com sua economia em recuperação e políticas fiscais mais equilibradas, se torna um destino atrativo para investidores internacionais.​

Theo Braga, CEO da SME The New Economy, reforça as análises dos colegas ao afirmar que os dados do PIB dos EUA no primeiro trimestre de 2025 traz à tona um cenário complicado para a economia norte-americana, alimentado pelas políticas comerciais protecionistas de Trump”. 

 O especialista acredita que isso resulta em uma fuga de capital, que começa a se direcionar para mercados emergentes, como o Brasil, que se torna um porto seguro para empreendedores nacionais e para a chegada de investimentos estrangeiros.​

Por outro lado, Pedro Ros, CEO da Referência Capital, reforça que “o desempenho do PIB americano no 1º trimestre de 2025, com uma retração de 0,3%, deixa claro que o enfraquecimento da economia global, impulsionado pelas políticas protecionistas de Trump, afeta diretamente os mercados”. 

O CEO destaca que o Brasil, por sua vez, começa a colher os frutos de uma gestão fiscal mais responsável, com redução da dívida pública e superávit primário, criando uma base sólida para o país.​