Entenda o cenário

Quais medidas o governo avalia para baratear os alimentos?

Os ministros do Governo Lula, Rui Costa, Carlos Fávaro e Paulo Teixeira fizeram declarações sobre as propostas consideras até então

Foto: Alimentos/CanvaPro
Foto: Alimentos/CanvaPro

Com a prévia oficial da inflação, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro jogando mais pressão sobre o governo, a equipe da gestão Lula 3 busca saídas possíveis para frear a alta dos preços. O segmento de alimentos e bebidas foi o maior responsável pela alta de 0,11% do índice, ao avançar 1,06% no mês.

As propostas que vêm sendo consideradas até o momento para baratear os alimentos foram comentadas pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), após reunião com o presidente Lula.

Rui Costa falou em reduzir as tarifas dos alimentos. A medida dependeria de uma análise comparando os preços de um mesmo produto no mercado interno e externo, segundo a “CNN”.

“Se os preços desses produtos no mercado internacional estiveram mais baixos, poderão ser reduzidas as alíquotas de importação nesses produtos. Produtos com preço interno maior que externo, lutaremos pela redução de alíquota”, disse o ministro.

A expectativa do governo, com essa estratégia, é que os preços dos produtos nacionais que estiverem altos possam cair diante da concorrência dos importados – mais em conta por causa do desconto nas tarifas. 

Quanto às situações em que os preços externos já estiverem mais caros, o chefe da Casa Civil recomendou que os brasileiros mudem a alimentação.

“O preço internacional está tão caro quanto aqui. O que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir. Em vez da laranja, outra fruta. Não adianta baixar a alíquota, porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro”, declarou Rui Costa.

O governo ainda avalia outras medidas, como o estímulo à ampliação das áreas de cultivo para que o aumento na oferta leve os preços para baixo. 

“Nós estimulamos a produção de arroz do ano passado para este ano e a produção de arroz deve ser 12 a 13% maior do que no ano passado. Portanto, os preços de arroz já cederam”, ressaltou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

O ministro da Agricultura afirmou ainda que o milho é um dos alimentos que pode ter a alíquota de importação reduzida, para igualar os preços do mercado interno e externo.

Outras propostas considerada ou negadas pelo governo

Uma das medidas que entraram na discussão e ganharam uma nova narrativa e repercussão negativa pela oposição do governo foi uma proposta do setor varejista, sugerindo alteração na regulação do prazo de vencimento dos alimentos, que já foi negada pelo governo.

Outra proposta em discussão é a reestruturação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que regulamenta o vale-refeição e vale-alimentação dos trabalhadores.

O ministro Rui Costa chegou a afirmar também que o Ministério da Fazenda vai estudar “alternativas” para reduzir as taxas de intermediação praticadas por cartões de vale alimentação no Brasil. 

“Queremos que valor de benefícios chegue integralmente ao trabalhador. O custo de intermediação de benefícios está alto”, acrescentou.

Enquanto isso, o ministro Paulo Teixeira, afirmou que o presidente Lula não vai adotar medidas heterodoxas para baixar o preço dos alimentos. 

“Queremos aumentar a produtividade e estudar medidas que não sejam heterodoxas. O presidente Lula afasta qualquer intervenção em preço, qualquer controle de preço”, disse, segundo o “Valor”.

O governo trabalhará para elevar a oferta de alimentos no mercado, em especial os da cesta básica. Os juros do Plano Safra para culturas que vão “para a mesa do brasileiro” são a metade do que é negociado para commodities.

Segundo Teixeira, cerca de cinco itens receberão atenção especial do governo, por seu peso na conta do supermercado: carne, café, açúcar, laranja e óleo de soja.