O Brasil está sofrendo com uma série de queimadas, e muitas das lesões afetadas por incêndios abrigados em empreendimentos agrícolas. Segundo o economista da Corano Capital, Bruno Corano, “algumas queimadas estão invadindo áreas de pasto, atingindo empresas ligadas à produção, ao abatimento de gado e à produção de carne”.
O cenário nacional é tão catastrófico que o monitoramento por satélite realizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) chegou a registrar 5.132 focos de incêndio em um único dia.
A situação afeta a economia nacional como um todo. A mestre em Biologia e consultora ambiental Liziane Bertotti Crippa menciona que os investimentos no país podem ser reduzidos “em função de toda a questão da responsabilidade socioambiental”.
“Até o momento, a fauna e a flora dos biomas Amazônia e Cerrado foram as mais atingidas”, comentou Crippa.
“Embora as regiões mais afetadas tenham sido o Norte e o Centro-Oeste do país, o estado de São Paulo já sente as consequências das queimadas. As empresas do agronegócio ligadas ao cultivo de cana-de-açúcar e à produção de etanol lideraram as altas na bolsa de valores após os registros de queimadas no Brasil”, acrescentou Crippa.
Além disso, o cenário deve preocupar os investidores, pois essas queimadas, segundo o especialista, podem gerar um aumento no preço do açúcar e do etanol. “Os incêndios causaram uma disparada no preço do açúcar e do etanol no mercado internacional, ou seja, houve um aumento na demanda de cana-de-açúcar; por outro lado, deve haver perda de produção, o que impactará a safra”, afirmou.
Segundo dados da Terrabrasilis, plataforma de monitoramento de queimadas no Brasil, coordenada pelo INPE, já foram identificados mais de 220 mil hectares de cana sob área de influência das queimadas.
Impacto das queimadas é menor nos negócios do setor agrícola do que em termos ambientais, diz especialista
“Como as áreas produtivas no Brasil são muito grandes, o impacto já ocorrido em termos de negócios ainda parece ser pequeno. Em termos ambientais, é significativo”, disse Bruno Corano, economista da Corano Capital.
Assim, o especialista apontou que, dentro do setor agrícola, existem segmentos que podem ser muito afetados. Dentre eles, o especialista destacou a criação de gado, devido às lesões afetadas. “Campo Grande tem muito gado e é uma das regiões com maior foco de incêndio”.
Diante desse cenário, Corano destacou que o investidor deve ficar atento ao cenário nacional. De acordo com ele, se essa situação se alastrar ainda mais, pode afetar ações específicas, como frigoríficos e commodities, como a soja.