Passado o Dia das Crianças, as compras de Natal começaram a movimentar o comércio paulistano. Na rua 25 de Março, na região central de São Paulo, o clima natalino já marca presença nas lojas de decoração. Alguns consumidores preferem dar início às compras antecipadamente para fugir da lotação de dezembro e, para os comerciantes, a expectativa é que as vendas de fim de ano sejam melhores do que em 2020.
“Imaginamos que, neste ano, as pessoas vão se reunir um pouco mais para a celebração de Natal no fim do ano. Para isso, o pessoal costuma se preocupar com decoração e tende a ser melhor do que ano passado”, explica Guilherme Ambar, 41, gerente geral da Armarinho Ambar.
O lojista aposta na área corporativa para movimentar as compras de Natal. “Condomínios, empresas e escritórios estavam fechados [por causa da pandemia do novo coronavírus] e agora, voltando ao presencial, eles tendem a caprichar mais na decoração”, argumenta.
Ele também espera uma maior presença de turistas de outras cidades e estados, que movimentam o comércio local. “Há um pessoal que vem de fora de São Paulo fazer compras e que, no ano passado, acabou não vindo, porque as viagens estavam restritas”, argumenta.
A empresária Bárbara Lima, 30, faz parte desse grupo de consumidores. Ela é da cidade de Caruaru (PE), Pernambuco, e costuma vir fazer compras na 25 de Março para seu negócio.
“Tenho uma loja de roupas e venho para comprar roupas. Dessa vez, como me casei faz pouco tempo, vou comprar minha primeira árvore de Natal”, conta. Na última quarta-feira (20), após finalizar as compras para sua loja, sobrou tempo para buscar itens natalinos para casa.
“Os preços aqui são muito melhores. Lá [em Pernambuco], sai bem mais caro comprar”, relata Bárbara. Ela exemplifica dizendo que as árvores em seu estado custam em torno de R$ 800, enquanto, na região central de São Paulo, encontrou uma que gostou por R$ 540.
Segundo Raquel Santana, 47, gerente da Ita Decorações, não é cedo para falar de Natal no mês de outubro. “Tem gente que gosta de antecipar suas decorações, porque não quer vir no tumulto de dezembro”, explica.
Para a lojista, em 2020 havia um receio maior em relação às vendas. “Estávamos reabrindo o comércio há pouco tempo e não sabíamos como ia ser. Mesmo assim, no ano passado, chegou no meio de dezembro e já tínhamos vendido toda a mercadoria”, conta.
Por isso, em 2021, a loja investiu nos produtos natalinos e a expectativa é que as vendas sejam 30% maiores que no ano anterior, diz Raquel.
O diretor da Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências), Jorge Dib, confirma a fala dos lojistas, dizendo que a expectativa de vendas para este ano é realmente maior. “Em comparação com ano passado, dessa vez, a gente tem Natal de verdade”, aponta.
Importar e gastar estão entre as dificuldades Neste ano, a dificuldade de importação de produtos atrapalhou um pouco os lojistas. “Compramos produtos de importadoras e revendemos na loja. Mais do que nos anos anteriores, estamos tendo dificuldade em receber os artigos”, relata Guilherme Ambar.
De acordo com o gerente, a loja já está com a maioria dos itens, mas cerca de 15% do total ainda deve chegar no mês de novembro para preencher as prateleiras natalinas.
“Por causa da logística e dos preços de importação, houve atraso bem grande com a entrega de produtos”, afirma também Raquel Santana, da Ita Decorações. Segundo ela, aos poucos, mais itens de Natal devem ser adicionados no estoque da loja.
Como consequência da pandemia, o diretor da Univinco, Jorge Dib, pontua que o comércio inovou e que a 25 de Março passou a atender os clientes em outros formatos. “Não só com a venda online em sites, mas o pessoal aprendeu que há outras formas de comercializar além do presencial, usando Whatsapp e algumas outras ferramentas de contato”, explica.
Já para os consumidores, planejamento dos gastos tornou-se essencial. É o caso da dona de casa Mônica Paixão, 54. Na quarta-feira (20), esteve na 25 de Março acompanhada de sua sobrinha para comprar itens de decoração. Ela conta que, uma vez ao ano, vai até o local para adquirir produtos natalinos.
“Sempre está tudo um pouco mais caro”, diz “Neste ano, achei que tem menos pessoas comprando”, relata. “Acredito que esteja meio complicado fazer compras”, afirma.
Para Mônica, a solução para evitar grandes gastos foi fazer uma decoração reduzida. “Vim com o objetivo de fazer um enfeite já planejado e é só isso. É para ter uma novidade, algo diferente em casa ou no comércio, mas não dá mais para inventar”, diz.
Tons rosê, luzinhas, Disney e TikTok são as tendências para o Natal Quando o assunto é Natal, “todo ano, sempre tem uma novidade”, explica a gerente Raquel Santana. De acordo com ela, em 2021, os clientes parecem estar apostando mais em diferentes cores para seus enfeites natalinos. “Os tons rosê estão bastante na moda”, conta.
Segundo Guilherme Ambar, novidades de luzes e pisca-piscas também surgem anualmente e contam com uma tecnologia cada vez melhor. “Agora, os pisca-piscas de LED aguentam bem mais”, exemplifica.
Ele também cita um grande interesse das pessoas por alguns itens específicos para a árvore de Natal como fitas decoradas e bolas temáticas da Disney.
Entre os presentes, o que está fazendo sucesso são os brinquedos famosos nas redes sociais, principalmente os do TikTok. A vendedora Kátia Santos, 42, diz que dois deles são o carro chefe de vendas: o polvo do humor, pelúcia de duas faces, e o pop-it, peça de silicone que imita plástico bolha.
Crianças e adultos buscam os brinquedos, segundo Kátia. “Está tendo muita procura por eles para dar de presente”, relata. “Agora, em novembro e dezembro, aumentam ainda mais as vendas.”
As novidades não ficam restritas aos humanos, já que tem opção de Natal até para os animais de estimação. Há cerca de um mês, Kauany Cristine, 18, vende roupas e gorros de Papai Noel para cachorros em sua banca de produtos para pets.
“Pretendemos colocar mais produtos, coisas novas”, afirma a vendedora. Kauany diz que, em breve, também vão passar a vender itens com estampa natalina, como caminhas de Natal para animais de estimação.