O recente anúncio de queda nas taxas de juros dos EUA, feito pelo Federal Reserve (Fed) na última quarta-feira (18), reacendeu o otimismo no mercado financeiro, especialmente em relação à possibilidade de um aumento nas ofertas públicas iniciais (IPOs).
Com o recuo das taxas, que vinham em alta desde o início do ciclo de aperto monetário, especialistas apontam que o cenário é mais favorável para empresas que buscam abrir capital, atraindo investidores em busca de maior rentabilidade.
Daniel Toledo, consultor de negócios e advogado especializado em Relações Internacionais, destaca que a política monetária americana tem um impacto global.
“Com a queda nos juros das Treasuries, a atratividade dos ativos de risco volta a ganhar força. Isso ocorre porque, com menos remuneração em títulos americanos, os investidores passam a procurar alternativas com maior potencial de retorno, como as ações de empresas em IPO”, explica.
Toledo também comenta que o ambiente macroeconômico mais estável, aliado a expectativas mais controladas sobre a inflação nos EUA, gera um espaço positivo para companhias que estavam aguardando o momento certo para abrir capital.
Empresas devem aproveitar o momento
“Há um movimento de desvalorização do dólar e uma melhora nas condições microeconômicas das empresas. Esse é o momento para empresas aproveitarem a janela de oportunidade e se posicionarem de forma competitiva no mercado.”
Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, corrobora com essa visão e reforça o impacto direto do recuo nos juros sobre o apetite dos investidores por novas ofertas.
Valorização das ações
Segundo ela, a redução dos juros abre espaço para uma valorização das ações de crescimento, especialmente em setores como tecnologia e saúde.
“Empresas com alto potencial de valorização via ganho de capital, como startups de tecnologia, tendem a atrair mais investidores. Além disso, o setor de saúde, que apresenta resiliência em momentos de crise, também deve se beneficiar desse novo cenário.”
Kist aponta ainda que, com a queda das taxas, muitas empresas que estavam adiando o lançamento de seus IPOs podem acelerar seus planos, aproveitando o menor custo de capital.
“O cenário de juros mais baixos nos EUA proporciona uma precificação mais favorável para as empresas que buscam captar recursos no mercado de capitais“, afirma.
Riscos no cenário de queda dos juros
Entretanto, ambos especialistas alertam para os riscos desse novo ambiente. “A queda de juros pode elevar as expectativas de desempenho das empresas, o que pode inflacionar as avaliações iniciais e gerar volatilidade nos preços das ações”, observa Jaqueline Kist. Além disso, Toledo lembra que o aumento da concorrência entre empresas que buscam abrir capital pode dificultar a diferenciação no mercado.
No que se refere ao impacto nos mercados emergentes, como o Brasil, Toledo ressalta a maior atratividade que o país pode ganhar aos olhos dos investidores internacionais.
“Com a desvalorização do dólar e uma maior resiliência econômica, os mercados emergentes tendem a se beneficiar. O Brasil, em particular, já vem atraindo capital estrangeiro desde o início das sinalizações de afrouxamento monetário nos EUA”, conclui.
Com o novo cenário, as perspectivas para o mercado de IPOs são positivas, mas especialistas recomendam cautela e uma análise cuidadosa das condições específicas de cada empresa e do contexto econômico global.