O “Valor” divulgou, nesta quinta-feira (11), a análise de especialistas sobre o Relatório de Inflação de junho do Banco Central e a reunião do Copom de agosto. Para os analistas, o recuo da inflação projetada para o período de 12 meses encerrados de março de 2024 de 3,6% para 3,5% foi o que mais causou surpresa.
Além disso, alguns analistas também estão questionando a projeção de inflação apresentada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da última reunião, que daria sustentação à sinalização do fim do ciclo de aperto monetário.
A estimativa de variação é de 3,5% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período de 12 meses encerrado em março de 2024. Nesse percentual, a inflação projetada encontra-se em torno das metas, que estão estabelecidas em 3,25% para o ano calendário de 2023 e em 3% para o seguinte, segundo o Copom. Para o BC, se os juros estabelecidos em 13,75% ao ano na semana passada permanecerem altos por um bom tempo, o objetivo poderá ser cumprido.
Já para os economistas privados, a inflação projetada pelo Copom encontra-se bem abaixo da prevista. Isso com a consideração dos índices acumulados no período de 12 meses até março de 2024, o boletim Focus de expectativas de mercado aponta uma variação de 4,45% do IPCA, quase um ponto percentual acima do estimado pelo BC.
Porém, o recuo da inflação projetada para o período de 12 meses encerrados de março de 2024 de 3,6% para 3,5% foi o que mais causou surpresa nos analistas consultados pelo “Valor”.
Segundo eles, já que o Copom reviu para cima a projeção de inflação projetada para o ano-calendário de 2023, que passou de 4% para 4,6%, deveria ter acontecido uma alta.
Outros fatores
A queda na projeção poderia se dar pela alta na taxa de juros de final de ciclo, segundo alguns analistas. Enquanto que, no Relatório de Inflação do BC, a projeção foi feita usando uma Selic de 13,25% ao ano, na reunião de agosto do Copom, com 13,75% ao ano. Porém, segundo os analistas, a queda não se justificaria, já que essa mesma taxa de juros maior não impediu a alta na projeção de inflação do BC para dezembro de 2023.
Porém, alguns analistas especulam que o recuo da inflação projetada pelo BC teria alguma ligação com a dinâmica de reajuste de preços administrados. O aumento da projeção de reajuste de tarifas do BC em 2023 de 6,3% para 8,4%, se daria em boa parte porque devem expirar as medidas para baixar preços adotadas pelo governo Bolsonaro durante as eleições.
A alta de tarifas deve ter um maior impacto no começo de 2023, enquanto que em 2024, por efeito descarte, o impacto deve ser menor, decorrente da reversão das bondades eleitoreiras.