Reforma tributária fica ameaçada após o não apoio dos presidentes de partidos do centro?

Chefes partidários assinaram documento para que suas bancadas no Congresso trabalhem contra uma possivel elevação das taxas

Os presidentes de sete partidos de centro – Cidadania, DEM, MDB, Novo, Podemos, PSDB e PV – anunciaram na última quarta-feira (7) que não irão apoiar a reforma tributária apresentada pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Os partidos juntos contam com 123 deputados e 39 senadores. Mas essa movimentação implicaria na não aprovação da reforma do Imposto de Renda?

Conforme a Constituição, um projeto complementar para ser aprovado necessita da maioria absoluta dos votos, isto é, 41 senadores e 257 deputados precisam votar a favor da proposta. Se os partidos de esquerda, opositores ao governo (PT, PSB, PDT, Psol e PCdoB), resolverem se juntar ao acordo, o total de deputados contra a reforma iria para 248 e de senadores para 49. 

Os chefes dos partidos de centro ainda assinaram um documento para que suas bancadas no Congresso Nacional trabalhem contra uma possível elevação das taxas durante a proposta tributária e prometeram se empenhar “em uma pauta conjunta, que represente um melhor caminho para o Brasil, diferente dos extremos”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, declarou nesta quarta (7) que a proposta da reforma do Imposto de Renda não será votada pelos deputados enquanto não estiver amadurecida. Anteriormente, Lira havia prometido agilidade na condução da proposta e dito que a aprovação de todas as matérias deveria acontecer ainda esse ano para que a eleição fosse tratada em 2022. 

No dia 25 de junho, o governo apresentou a segunda etapa da reforma tributária, propondo que a taxa de isenção passe de R$ 1.903,98 para até R$ 2.500. Uma das mudanças envolve os fundos de investimento imobiliário, que terão rendimentos para pessoa física tributados em 15% a partir de 2022. Atualmente, esses valores são isentos.

O setor empresarial se mobilizou para tentar barrar a tramitação do projeto. Mais de 120 entidades enviaram nesta quinta-feira (8) uma carta para Lira alertando para possíveis impactos negativos e cobrando alterações no texto. No entanto, ainda nesta quinta, durante  encontro marcado com empresários em São Paulo, Guedes afirmou estar aberto a discutir a “dosagem das mudanças nos tributos do país”, modificando a alíquota proposta pelo governo e até mesmo o prazo de implementação. 

Os projetos da reforma tributária têm chance de serem votados na próxima semana, caso haja uma “arrumação” dos textos enviados pelo governo com os partidos e setores interessados, segundo afirmou Lira no dia 1º de julho. 
 

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