Reunião do Copom: comitê avalia novo aperto na taxa de juros

A reunião do Copom começou nesta terça-feira (20) 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, durante um evento, que o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) avaliaria um novo aperto na taxa de juros. Porém, Bruno Serra, diretor de Política Monetária da autarquia, acrescentou ser “inconsistente” o mercado projetar inflação acima do centro da meta em 2024 enquanto discute a queda dos juros em 2023.
 
Mesmo com o recado de que o banco não iria “baixar a guarda”, os bancos e consultorias acreditam que o ciclo de alta da Selic, a taxa básica de juros, chegou ao fim na reunião do último mês. 

Caso a taxa seja mantida 13,75% na reunião que começou nesta terça-feira (20), cenário desejado para 41 das 50 instituições financeiras ouvidas pelo Projeções Broadcast, se encerraria o mais longo ciclo de aperto monetário da história. Porém, os economistas reconhecem que aumentou o risco de um ajuste residual de 0,25 ponto.

Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, acredita que o cenário é de uma manutenção dos juros em 13,75%, em uma decisão que deve ser acompanhada de um discurso duro por parte do BC. Além disso, o Copom pode optar por um aperto residual como forma de sinalizar ao mercado o seu comprometimento com a meta, diante do aumento das projeções de inflação para 2024, segundo Souza Leal. 

“O único motivo pelo qual eu vejo o risco de um aumento para 14% é para reforçar não só com palavras, mas com ações, esse discurso ‘hawkish’ (inclinação por taxas de juros mais altas para conter a inflação). Em termos de convergência da inflação, não vejo esse 0,25 ponto de diferença ter um impacto relevante, mas poderia ser uma forma de fazer o mercado reverter essa expectativa de 2024”, afirma Souza Leal. 

Economista espera alta da Selic para 14% este mês

Para Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada, espera alta da Selic para 14% este mês, porém reconhece o cenário incerto. “A possibilidade de encerrar o ciclo em 13,75% está em jogo, até porque os sinais desde o último Copom não foram claros”, diz Campos Neto. 

Enquanto Guilherme Loureiro, economista-chefe da Trafalgar Investimentos, acredita que o mais provável é a manutenção da Selic em 13,75%, contudo reconhece o risco de um aumento residual de 0,25 ponto. “Do ponto de vista prático, muda pouco, porque a gente está na boca de encerrar o ciclo”, afirma Loureiro. 

Além disso, o economista-chefe acredita que a redução das projeções para a inflação de 2022 e 2023 no boletim Focus pode comprar um grau de conforto para o BC. A perspectiva de melhora do fiscal no curto prazo, com superávit primário este ano, também contribuiria para um cenário mais tranquilo.