O economista Ricardo Amorim fez uma análise otimista do cenário macroeconômico brasileiro para o BP Money, na noite desta quarta-feira (18), durante evento organizado pela Prefeitura de Salvador na Villa Blue Tree, em São Paulo, para promover o verão da capital baiana.
Entre os vários pontos destacados por Amorim está o crescimento consistente do País nos últimos três anos, o que em sua visão, está diretamente ligado ao combate à inflação
“Usando os próprios dados do relatório Focus do Banco Central, no início de 2021 os economistas projetavam um crescimento de 3,5%, o PIB cresceu 4,5%, em 2022 projetavam 1,5%, chegou a cair a zero esse projeto no início do ano, o PIB cresceu 3%. Esse ano, no começo do ano, a projeção é de meio, atualmente o relatório Focus aponta 2,92% de expectativa à média”, comentou.
“O ano passado, pela primeira vez em 50 anos, o Brasil teve menos inflação que a Europa e os Estados Unidos. Neste exato momento, a inflação continua menor que a da Europa. A dos Estados Unidos hoje é um pouquinho menor do que a brasileira. Mais do que isso, o Banco Central Brasileiro foi o terceiro Banco Central no mundo a começar a cortar juros. O primeiro foi da China, o segundo foi do Chile e o Brasil foi o terceiro. Por que tudo isso foi possível? Por conta do bom trabalho que o Banco Central fez antes para controlar a inflação”, argumentou.
Outro ponto importante elencado por Amorim, é o fortalecimento do real. Segundo ele, moedas de países exportadores de commodities vêm se apreciando em todo mundo. No ano passado, por exemplo, o real foi a moeda que mais se valorizou, assim como os de países latino-americanas em geral, como os pesos chileno, mexicano e peruano.
“Por que isso é importante? Real se apreciando significa produto importado mais barato, ajuda a derrubar a inflação. Isso tudo cria a condição para a taxa de juros cair muito mais”, avaliou. Atualmente a taxa Selic está em 12,75%, após dois cortes seguidos de 0,5 p.p.
Riscos
Apesar da análise positiva, Ricardo Amorim pondera que existem riscos que podem fazer com que o crescimento do Brasil seja afetado. Internamente, ele avalia que a ameaça maior fica na parte fiscal.
“Se o governo gastar muito mais que arrecada, a confiança vai embora e o dinheiro sai daqui. Aí em vez do real se apreciar, é o dólar que vai subir muito, os produtos importados vão ficar mais caros e a inflação sobe”, alertou.
Amorim frisa que também é necessário ficar atento ao exterior. A possibilidade de recessão nos Estados Unidos e Europa ou de uma crise no Oriente Médio que leve a uma alta brutal do preço de petróleo, por exemplo, com uma guerra entre Israel e Irã, podem prejudicar a economia brasileira.
“Se não tiver, seja o risco interno fiscal ou esses riscos externos se materializando, a taxa de juros no Brasil vai continuar caindo e provavelmente muito mais do que as pessoas imaginam. Se esses riscos se materializarem, o dólar sobe e o espaço de queda de juros vai ser menor”, pontuou.
Verão Salvador
A Prefeitura de Salvador escolheu São Paulo para promover o verão da capital baiana. A ideia de levar o evento para o centro financeiro do País rendeu elogios de Ricardo Amorim.
“Gostei muito de ver a iniciativa e o objetivo da Prefeitura de buscar expor Salvador fora de Salvador. Então eles vieram a São Paulo, o principal centro econômico do Brasil, em busca de dar visibilidade a uma série de iniciativas econômicas que estão sendo feitas na cidade. E isso, por sua vez, facilita que haja os investimentos que vão ser necessários para que a cidade possa fazer o que ela quer e o que ela precisa”, avaliou.
O lançamento vai apresentar eventos como o Furdunço e Fuzuê, no pré-Carnaval, o Carnaval e a programação do “Novembro Salvador Capital Afro. Além disso, também será apresentado nacionalmente o Festival Virada Salvador, com detalhes e programação completa do evento, que acontece entre os dias 28 de dezembro e 1° de janeiro, na Arena Daniela Mercury, na orla da Boca do Rio.
O evento desta noite contará ainda com show com a participação de Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Xanddy Harmonia, Tony Salles, Raquel Reis, Márcio Victor, Lincoln, Olodum, Cortejo Afro, Nara Couto e DJ Marcelo Botelho.