Dados divulgados na quinta-feira (16) pela CNM (Confederação Nacional de Municípios) apontaram que o setor agrícola teve perdas de R$ 1,8 bilhão. A queda ocorreu devido à tragédia climática que ocorreu no RS (Rio Grande do Sul).
No último dia 13 de maio, a CNM divulgou que as perdas giravam em torno de R$ 1,3 bilhão. Com esses dados, as perdas financeiras decorrentes da tragédia no RS sofreram um aumento de cerca de 38,46% em três dias.
Por ora, é esperado que as perdas não sejam refletidas no resultado da safra brasileira atual. Contudo, analistas pontuam que é difícil mensurar os impactos nas próximas safras.
“Pressupõe-se que, eventualmente, alguns produtores tenham sido severamente prejudicados por essa tragédia. Mas pensando na fotografia em grande escala, não existe ainda um entendimento de que isso vá impactar as exportações e importações”, explicou Bruno Corano, economista da Corano Capital.
Por outro lado, o analista destaca que, mesmo que a projeção não seja de grandes perdas futuras, o governo brasileiro já comentou sobre a necessidade de importar arroz.
Na sexta-feira (10), o Governo Federal autorizou a compra de um milhão de toneladas de arroz.
“Os desastres no Rio Grande do Sul comprometeram parte da produção que viria para o mercado interno e a MP será uma forma de equalizar a situação”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, em nota.
Em linha com essa afirmativa, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reduziu a estimativa para a produção brasileira total de grãos na safra 2023/2024. Agora, a projeção é de uma redução de 7,4% em relação ao colhido no período anterior.
Mesmo com a inflação controlada, há pressão sobre o preço dos alimentos, diz economista
“Apesar de a inflação estar controlada, há uma pressão sobre o preço dos alimentos, na alimentação principalmente”, declarou Roberto Piscitelli, economista e professor de Finanças Públicas da UnB (Universidade de Brasília), em relação aos possíveis impactos da tragédia do Rio Grande do Sul (RS) nos consumidores finais.
O economista acrescenta que há um peso de mais de 20% na formação dos índices de custo de vida. “Isso impacta a população de um modo geral e, particularmente, a população mais pobre”.
“Naturalmente, isso justifica a preocupação do governo, de alguma forma, em estabilizar a produção e a disponibilização desses alimentos”, acrescentou Piscitelli, referindo-se à importação de arroz anunciada recentemente.
O economista também pontua que o país tem um “excelente” superávit comercial e a tragédia que ocorre no RS não deve ter forte impacto na balança.
Informações da Secex/MDIC (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) apontaram que na segunda semana de maio de 2024, o Brasil registrou superávit de US$ 1,7 bilhão.
Além disso, em relação aos segmentos que possivelmente serão os mais afetados, Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, menciona que “a princípio parece que o gado e o arroz são os mais sensíveis, mas ainda não há uma amostragem clara com relação à produção macro do país”.