A procura de famílias russas por ouro após o início da guerra na Ucrânia fez com que o Banco da Rússia comunicasse no dia 15 de março que iria parar de comprar o metal precioso em instituições financeiras. Dez dias após o anúncio, o órgão monetário anunciou que retomaria as compras, mas por um preço fixo. A medida fez com que o rublo recuperasse a taxa de câmbio em relação ao dólar. A iniciativa chamou a atenção e o mercado já se questiona se o movimento poderia criar uma nova ordem monetária mundial.
Apesar de tudo isso, Moscou anunciou o fim do preço fixo nas compras de ouro no início de abril. Contudo, o plano econômico russo para sobreviver às sanções econômicas impostas por países do Ocidente inclui diversas medidas que seguem vigentes.
Moscou tem exigido que os compradores de suas commodities, como petróleo e gás, façam o pagamento em rublos.
Para os economistas, ainda é cedo para considerar o início de uma nova ordem mundial. Porém, Zoltan Pozsar, chefe global de Estratégia de Curto Prazo para Taxas de Juro do Credit Suisse em Nova Iorque, já avalia que uma mudança radical pode acontecer.
Rússia: China não está se aliando tanto para ajudar na “nova ordem monetária”
“A própria China está hesitando a se aliar demais à Rússia agora, porque teme sanções”, avalia o diplomata Paulo Roberto de Almeida, professor universitário e ex-diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista ao “Estado de S. Paulo”.
A Rússia é considerada parte do “celeiro da Europa” por exportar diversos insumos importantes como trigo e fertilizantes. Além disso, a dependência do continente europeu do gás russo faz com que o país seja essencial para suprir as demandas energéticas da Europa.