Ante 9%

Santander: em nova projeção, banco espera Selic a 9,5%

Segundo o banco, a questão dos juros nos EUA e a piora do cenário fiscal brasileiro aumentam as incertezas sobre a trajetória da Selic

Banco Santander
Foto: Divulgação

Depois de projetar a taxa básica de juros (Selic) a 9% este ano, o banco Santander, em nova carta mensal, elevou a projeção para 9,5%.

De acordo com a casa, a postergação na expectativa do início dos cortes nos juros dos EUA e a piora do cenário fiscal doméstico tornam a conjuntura mais complexa e aumentam as incertezas sobre a trajetória da Selic.

“Adicionalmente, a economia local está mais forte que o previsto, o que dificulta a tarefa de desinflacionar a economia, podendo, inclusive, afetar desfavoravelmente a inflação projetada. Por outro lado, a inflação corrente ainda caminha numa direção de desaceleração, ainda que gradual e não homogênea”, sinaliza o Santander.

Copom: corte de 0,50 p.p da Selic será lido como erro de sinalização do BC

Um corte de 0,50 p.p. (ponto percentual) da Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) pode ser lido como um erro de sinalização muito grande por parte da autarquia. O movimento viria em um cenário em que membros do comitê já induziram uma precificação no mercado para um corte de 0,25 p.p.

A reunião do Copom está prevista para ocorrer nesta semana.

A avaliação em relação ao corte é do sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.

“Claramente a maioria dos analistas e economistas de mercado previam um corte de 0,50 ponto, mas houve uma mudança e agora o call para cerca de dois terços do mercado é de corte de 0,25 ponto”, apontou Kawall. “Pela comunicação [de membros do Copom], você claramente induziu a uma determinada preferência”, disse Kawall, de acordo com o “Broadcast”.

No entendimento do ex-secretário do Tesouro, um corte de 0,25 ponto agora significa que não seria possível haver uma retomada no ritmo de 0,50 p.p à frente.

“Se o BC der 0,25 ponto agora e de repente vêm dois meses de inflação benigna lá fora, não há nenhum problema de ele [BC] voltar ao ritmo anterior. Há ciclos de política monetária que são assim”, exemplificou.