A ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda), proposta que o governo Lula pretende trazer em 2025, é o principal risco fiscal à frente, com impacto de pelo menos R$ 45 bilhões por ano, segundo Ítalo Franca, chefe de políticas fiscais e estudos especiais do Santander (SANB11).
A ampliação foi uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. O valor se refere a uma atualização limitada da tabela, somente para salários de até R$ 5,000.
Caso essa mudança seja mais ampla, e defina uma isenção para todos os salários até a faixa até R$ 5,000, o potencial de impacto subiria para R$ 100 bilhões, conforme os cálculos do executivo do Santander.
“Esse é o principal risco”, disse o executivo. A compensação é outra incerteza, pois se o governo decidir equilibrar as contas via aumento de tributo teria “impacto negativo para a economia”, completou Franca.
Com um impacto fiscal “muito relevante”, medidas de compensação de receita podem ser demandadas e poderiam vir por meio da tributação de dividendos, por exemplo, disse ele, segundo o veículo de notícias.
Do ponto de vista tributário, será “bastante desafiador” levantar medidas em um montante tão alto e fazer uma reforma neutra.
Um método de compensação tem sido estudado pelo Ministério da Fazenda, seria um imposto mínimo para pessoas físicas de alta renda, segundo apuração da “Folha de S. Paulo”.
O imposto mínimo teria uma alíquota a ser definida entre 12% ou 15% da renda, afirmou a reportagem.
Enquanto o governo federal se prepara para o ano anterior às eleições presidenciais, nas últimas semanas a curva de juros futuros têm sido penalizada por qualquer indício de manobras para comportar gastos extras.
Os esforços recentes do governo para assegurar uma compensação ao projeto de desoneração da folha de pagamentos, analisou o executivo do Santander, foram um “legado positivo”. Isto indicou disposição da equipe econômica para seguir a regra prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Santander revisa para cima projeção da Selic para 2024 e 2025
O Santander revisou suas projeções para a taxa Selic ao final de 2024 e 2025, além de ajustar a estimativa para o atual ciclo de cortes nos juros. Agora, o banco prevê mais dois aumentos de 0,5 ponto percentual na taxa básica pelo Banco Central em novembro e dezembro, elevando a Selic para 11,75% até o fim deste ano. Anteriormente, a expectativa era de que a taxa atingisse 11,25% em dezembro.
Em relatório publicado hoje, a equipe de economistas comandada por Ana Paula Vescovi destaca que o “cenário de um hiato do produto mais estreito, o ceticismo em relação à política fiscal e as expectativas de inflação superiores à meta de 3%” foram fatores que impulsionaram o Copom a iniciar o ciclo de elevação dos juros.
“Apesar do início gradual (com alta de 0,25 ponto), o tom da comunicação e, acima de tudo, a piora das suas projeções de inflação” levaram o Santander a revisar a trajetória esperada para a Selic, aponta o relatório.
Os economistas também ressaltam que, além da inflação, a atividade econômica brasileira tem superado as expectativas. Diante desse cenário, afirmam que “o ambiente atual pode requerer uma Selic 1 ponto percentual acima da nossa projeção anterior”.
“A mudança de estratégia reflete o compromisso do Copom em manter a estabilidade das expectativas de inflação no contexto de pleno emprego e de um cenário fiscal complexo. Mas também leva em conta a evolução da posição ‘dovish’ de outros bancos centrais”, dizem os profissionais do Santander, em referência aos ciclos de cortes de juros em outros países.