Economistas do banco Santander (SANB11) apontam que, apesar do Copom (Comitê de Política Monetária) ter indicado, na ata da reunião da semana passada que manterá a Selic (taxa básica de juros) em 10,5% por um período mais longo, ainda acreditam que a taxa chega aos 10% no final do ano.
O Santander projeta cortes de 0,25 ponto percentual nas duas últimas reuniões que o Copom deve realizar este ano, “mas sublinhamos um viés de alta significativo na nossa projeção, dadas as últimas comunicações do comitê”.
“Na nossa opinião, o Copom não está buscando apenas estabelecer um sarrafo elevado para aumentar a taxa de juros, mas também para reduzi-la ainda mais. Assim, vemos uma chance crescente de manutenção da taxa por mais tempo que o esperado”, frisou a equipe do Santander, encabeçada por Ana Paula Vescovi, ex-secretária do Tesouro, de acordo com o “Valor”.
Apesar de optar por manter inalterado o balanço de riscos e reconhecer que o atual processo de desinflação está em linha com suas projeções, o Copom citou algumas fontes de preocupação”, observaram os analistas.
Para a equipe do Santander, a atividade econômica é uma surpresa, bem como o mercado de trabalho resiliente, os impactos das enchentes no RS, e as mudanças no quadro do Copom para a pausa no produto, que se aproxima da neutralidade.
Além disso, há a taxa de juros neutra, em 4,75% em termos reais, alinhada com suas projeções.
Santander eleva projeção para a Selic em 2024 e vê manutenção
Anteriormente, o Santander (SANB11) passou a prever a manutenção da taxa básica de juros na próxima reunião de política monetária do Banco Central (BC) e aumentou sua projeção para a Selic, estimando que ela alcançará 10,0% no final de 2024, com dois cortes nas duas últimas reuniões do ano.
O banco citou a piora das expectativas para o horizonte da política monetária desde a reunião de maio e das principais variáveis que influenciam as projeções de inflação do BC como razões para a mudança em relação à sua perspectiva anterior de Selic a 9,75%.
“A inflação atual, as expectativas fiscais e os preços de commodities pioraram na margem quando se trata de servir como contribuição às projeções de inflação”, disse o Santander em relatório da equipe de pesquisa macroeconômica, citando como prinicipal mudança a depreciação do real na comparação com o dólar.
Com isso, o banco agora estima que as previsões de inflação do BC serão atualizadas para 4,0% em 2024 e 3,4% em 2025, em comparação com as estimativas anteriores de 3,8% e 3,3%, respectivamente.