Alimentos ainda pesam

São João: varejo terá 'gás' com aumento do poder de compra

As compras de alimentos devem garantir a maior parte da movimentação no período, mas pesarão no bolso dos brasileiros, disse economista

São João
São João / Foto: Mateus Pereira/GOVBA

“O São João é, de fato, uma injeção na economia. A expectativa é subir o faturamento em 10% e, para isso, estamos dando destaque para produtos característicos da época”, disse Pedro Lisboa, sócio-proprietário da Palato Especiarias, marca referência na Bahia.

Assim como Pedro aguarda ansioso os resultados do São João, empresários de diferentes regiões do Brasil estão a todo o vapor na preparação para as vendas durante o período. Roupas xadrez, botas, licor e amendoim. O que quer que tenha a cara dos festejos juninos, a hora de investir é agora.

Apenas na Bahia, a Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) projeta uma movimentação de R$ 5,56 bilhões, um avanço de 5,5% em relação ao ano passado.

A expectativa de alta, avalia Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA, é explicada pela melhoria na condição financeira das famílias brasileiras.

“A inflação está em ritmo mais lento do que estava no ano passado e, em maio e junho, a inadimplência caiu no estado. Nós temos também uma redução da taxa de juros, ou seja, mais acesso ao crédito para as famílias, e o emprego muito mais forte. Isso faz com que as famílias consigam ampliar os gastos nos setores de supermercado e vestuário”, explica Dietze.

De acordo com a Fecomércio, o segmento de Supermercados deve ser a grande estrela do varejo no período, com previsão de incremento de 6,5%, a maior parte do faturamento de R$ 5 bilhões.

“Tanto os consumidores compram comidas e bebidas para fazerem eventos com familiares e amigos, quanto os empresários que precisam abastecer seus estoques para atender um público maior num hotel, restaurante, festas, etc”, pontuou Guilherme sobre o dado.

Alimentos ainda são “vilões” para o bolso, diz economista

Embora as compras de alimentos devam garantir a maior parte da movimentação do varejo, serão justamente eles os vilões para o bolso dos brasileiros, afirmou o economista Edval Landulfo.

“A alta da inflação ao longo dos últimos 12 meses deve pesar no bolso, ainda mais diante de um período tão festivo. O arroz, carne, batata inglesa, milho e amendoim já tiveram aumentos importantes neste período”, disse Landulfo.

Devido a isso, Edval aconselha cautela na hora de ir às compras. “É preciso ‘ficar de olho’ para não entrar no segundo semestre com novas dívidas. É um período festivo, mas o consumidor precisa ter esse olhar mais crítico para não exagerar”, destacou o economista.