“Desancoragem marginal”

Secretário do Tesouro nega desancoragem de expectativas fiscais

A autoridade apontou que há uma “desancoragem marginal” da inflação, mas dissociada do contexto fiscal

Washington Costa/Ministério da Fazenda
Washington Costa/Ministério da Fazenda

Na semana em que o dólar alcançou valores elevados, impulsionado por incertezas em torno da política fiscal, Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, declarou que as expectativas em relação aos indicadores fiscais permanecem ancoradas.

A autoridade apontou que há uma “desancoragem marginal” da inflação, mas que essa situação está dissociada do contexto fiscal. A fala foi dada em entrevista ao Valor Econômico.

“Não há uma desancoragem fiscal. Isso é falacioso”, disse. “Quem falar que há uma desencoragem nas expectativas fiscais não está dizendo a verdade com base nos números.”

Ceron reconheceu, entretanto, que a incerteza fiscal aumentou devido a “diversos fatores” e expressou compreensão sobre as “sensibilidades de diferentes naturezas.”

Para ilustrar seu ponto, o secretário mencionou os resultados da pesquisa Focus, conduzida semanalmente pelo Banco Central com mais de cem instituições financeiras. Ele destacou que, ao contrário da instabilidade nos mercados, as projeções do mercado para o resultado das contas públicas e para a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) não mostraram deterioração.

“Se você pode pegar qual era a expectativa do mercado para a trajetória da dívida sobre o PIB até 2031 em outubro de 2022, no meio das eleições, em dezembro de 2023 e agora, vai ver que tem um processo de melhora contínua”, afirmou.

Na última projeção do Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (10), em outubro de 2022, o mercado previa que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) atingiria 92% do PIB em 2031. 

Em dezembro do mesmo ano, essa estimativa foi ajustada para 90,3% do PIB. Na pesquisa mais recente, a projeção caiu para 86,6% do PIB.

Em relação ao resultado primário do governo central, a expectativa em dezembro de 2023 era de um déficit de 0,8% do PIB. Em março, antes da revisão das metas fiscais para 2025 e 2026, a estimativa havia diminuído para um déficit de 0,7% do PIB. A pesquisa mais recente manteve essa projeção em 0,7% do PIB. “Não houve alteração para 2024, absolutamente nenhuma,” enfatizou. “Ou, colocando de outra forma, houve uma melhora desde dezembro, mas nenhuma mudança desde março.”

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