Política monetária

Selic deve subir 0,5 p.p.: XP e BBI veem cenário mais desafiador

Para a XP Investimentos, a deterioração do cenário inflacionário demanda uma política monetária mais restritiva e Selic mais alta

Foto: CanvaPro
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A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) acontece nesta quarta-feira (6) e os analistas da XP Investimentos e do Bradesco BBI acreditam que uma postura mais dura com a Selic, por conta do ambiente inflacionário mais desafiador que o previsto. 

O último Boletim Focus divulgado na segunda-feira (4) informou que os especialistas consultados pelo BC apostam em uma elevação na projeção da inflação para este ano, pela quinta vez consecutiva.

Com isso, a previsão para a Selic também subiu para 11,75% ao fim deste ano, o que indica um aumento de 0,5 ponto nesta reunião e mais 0,5 na próxima, calculando pelo patamar atual da taxa em 10,50%.

Para a XP Investimentos, a deterioração do cenário inflacionário demanda uma política monetária mais restritiva. Em uma revisão de estimativas, a Casa agora espera uma inflação de 4,6% em 2024, e para 2025 3,9%. 

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve seguir elevado, com maior probabilidade de ir além do limite da meta, que atualmente é de 3,0%, disseram os analistas da XP em relatório, segundo o “InfoMoney”.

A corretora também espera que a Selic (taxa básica de juros) terminal esteja em 12%. A empresa destacou que essa postura mais agressiva do Copom poderá abrir espaço para cortes de juros em uma fase posterior, caso o aperto monetário consiga conter as expectativas inflacionárias.

“Uma postura mais dura no curto prazo pode viabilizar uma queda dos juros mais cedo adiante. Esperaremos o resultado do IPCA de outubro para eventuais ajustes na nossa projeção”, disse a XP.

Selic já está em patamar restritivo elevado e depreciação do real piora cenário, diz BBI

Na avaliação do Bradesco BBI, o atual ciclo de aperto monetário da Selic já está em um patamar de restrição elevado, mas as projeções de inflação continuam se deteriorando. 

Entre as razões desse cenário está a depreciação do real frente ao dólar, com o câmbio se aproximando dos R$ 5,80 nos últimos dias. Os preços dos bens industriais e de alimentos, são diretamente afetados por isso, a exemplo das carnes, que apresentaram alta de cerca de 40% nos últimos três meses.

O banco alertou também para a possibilidade de novos aumentos no preço da carne bovina no decorrer de 2025 devido à redução dos abates e ao aquecimento das exportações. A expectativa é de que a carne bovina encareça em cerca de 14% até o final de 2024, o que representa um risco significativo para a inflação de alimentos, de acordo com o “InfoMoney”.

A volatilidade da inflação de serviços, sobretudo no cinema, seguros e serviços bancários, também foi apontado pelo BBI, pelas variações atípicas apresentadas em 2023. 

Apesar da estimativa de que esses componentes se estabilizem, a alta recente impacta o núcleo de serviços do IPCA, que pode finalizar o último trimestre com um crescimento anualizado de até 7%, segundo o BBI.

Porém, o banco ainda vê alguns fatores positivos para a inflação no curto prazo, como o retorno das chuvas, que deve aliviar a pressão sobre os preços de energia elétrica e ajudar a subir a oferta de alimentos frescos. Esse cenário de maior regularidade nas safras pode moderar os preços de alguns alimentos, ajudando a controlar a inflação no curto prazo.

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