Política monetária

Selic: Goldman espera novos cortes somente em junho de 2025

Para o Goldman Sachs, a Selic atual não está em nível tão restritivo e há um risco equilibrado para o cenário-base

Foto: CanvaPro
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Para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) o Goldman Sachs espera um aumento de 0,25 p.p. (ponto percentual) na Selic (taxa básica de juros). O banco também vê o ciclo de alta trazendo mais elevações de 0,5 p.p. em novembro e outros 0,25 ponto em dezembro e janeiro, levando a taxa aos 11,75% em 2025.

A análise do Goldman vem por conta dos sinais de aquecimento da economia brasileira, da desancoragem das expectativas de inflação, de uma política fiscal expansionista e da recente depreciação cambial.

A Casa espera que a Selic volte a ser reduzida somente em junho de 2025, findando o período em 10,25% ao ano.

Segundo o banco, além do superaquecimento da economia, o mercado de trabalho está apertado, com a taxa de desemprego nas mínimas de 10 anos e abaixo das estimativas de taxa neutra de desemprego.

Em paralelo a isso, os salários e a renda real disponível das famílias também tem crescido muito, e a política fiscal e parafiscal pró-cíclica estão frouxas, disse o Goldman, segundo o “Valor”.

Outras razões citadas pelo banco para alterar suas expectativas sobre a Selic foram a desancoragem das estimativas de inflação de curto e médio prazo, a depreciação recente do real, a firmeza da dinâmica no mercado de crédito, bem como as previsões de inflação do BC, que estão acima da meta estabelecida.

Para o Goldman Sachs, a Selic atual não está em nível tão restritivo.

“A taxa nominal neutra provavelmente está em torno de 9%. O BC estima o juro real neutro em 4,75%, mas alguns modelos apontam para uma taxa de curto prazo mais alta”, afirmou Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, em nota enviada a clientes.

A casa vê um risco equilibrado para o cenário-base da Selic.

“Se o real e as expectativas não melhorarem, não descartaríamos um ciclo de aumento mais profundo, de 1,5 a 1,75 ponto percentual. Por outro lado, um real mais forte e uma melhora no balanço de riscos para a inflação poderiam levar a um ciclo de aumento mais suave, de 1 ponto”, consta na nota do banco.

BofA revisa projeção e espera Selic em 12% em janeiro

A projeção da Selic (taxa básica de juros) para o curto prazo foi revisada pelo BofA (Bank of America), que agora espera uma alta de 0,25 ponto percentual (p.p.) já na próxima semana.

Além desse avanço, o BofA também estima que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), realize novos incrementos à Selic nas reuniões de novembro e dezembro, em 0,5 p.p. em ambas, seguida de uma elevação de 0,25 p.p em janeiro, o que levaria a Selic para 12% em 2025.

Para a equipe do banco, comandada pelo chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do BofA, David Beker, há quatro razões que sustentam a expectativa atual de elevação da taxa de juros no Brasil.

“As expectativas de inflação não diminuíram nas últimas semanas; o real permaneceu acima de R$ 5,50 por dólar; o crescimento surpreendeu positivamente (mesmo em comparação com nossas previsões, que têm sido mais altas do que o consenso); e a curva de juros local está precificando totalmente uma alta de juros para a próxima reunião do Copom”,disseram os profissionais do BofA, de acordo com o “Valor”.

O ciclo de aperto deve ajudar a ancorar novamente as expectativas de inflação e reforçar a credibilidade do BC, analisou o BofA.