A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú revisou a projeção para a taxa básica de juros (Selic) de 10,25% para 10,50% ao fim de 2024 e 2025.
Através de relatório enviado ao mercado nesta segunda-feira (10), o banco avaliou que “em meio às expectativas de inflação crescentes — já parcialmente desancoradas –, atividade econômica resiliente e maiores incertezas doméstica e externa”, não deve haver espaço para cortes de juros adicionais.
O Itaú manteve a previsão de alta de 3,8% para o IPCA em 2024, mas ponderou que o balanço de risco segue assimétrico, com risco altista em alimentação — devido ao atraso na devolução dos choques de in natura e enchentes no sul do país — e em serviços por conta do mercado de trabalho apertado.
Para 2025, os economistas do banco calculam a inflação em 3,7%, citando riscos também altistas. A equipe manteve as estimativas de crescimento do PIB para 2024 e 2025 em 2,3% e 1,8%, respectivamente.
“Os efeitos das enchentes na região Sul do país trazem maior incerteza para o segundo trimestre e algum viés de baixa para o nosso número fechado deste ano, mas optamos por esperar mais alguns dados para ter a dimensão mais precisa do impacto econômico”, argumentaram os economistas.
As projeções para a taxa de câmbio continuaram em 5,15 reais por dólar em 2024 e 5,25 reais por dólar em 2025, uma vez que “os fundamentos externos — de dólar forte — e domésticos — aumento do prêmio de risco e piora significativa das contas externas — dificultam um cenário mais benigno para a moeda.”
Do lado fiscal, o banco manteve as estimativas de déficit primário em 0,6% do PIB em 2024 e 0,9% do PIB em 2025, avaliando que a arrecadação mais forte deve compensar os gastos decorrentes das medidas de auxílio ao Rio Grande do Sul.
“O risco fiscal segue elevado, diante da dificuldade em se obter uma trajetória persistente de convergência de resultados primários, do forte crescimento de despesas obrigatórias e dos limites para a expansão das receitas, o que implica a possibilidade de mudanças nos principais parâmetros do arcabouço aprovado no ano passado”, afirmaram.
Focus: mercado sobe pela 5ª consecutiva projeção para a inflação
O Relatório Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (10), os analistas do mercado elevaram suas projeções para a inflação deste ano pelo quinto mês consecutivo.
Segundo as medianas, a expectativa é de que o IPCA atinja 3,90% até o final do ano, o que representa um aumento de 0,9 ponto em relação ao centro da meta, mas ainda está dentro da margem de tolerância estabelecida até 4,5%.
Além disso, o consenso do mercado aponta um aumento nas estimativas dos analistas para a inflação e o PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 em comparação com as projeções anteriores.
Inflação
De acordo com Boletim Focus, a projeção do IPCA para 2024 continuou sua trajetória de alta, subindo para 3,90% pela quinta semana seguida. Um mês antes, essa mediana era de 3,76%.
Nas últimas cinco atualizações, com 43 estimativas consideradas, a mediana para 2024 atingiu 3,93%.
Para o ano seguinte, 2025, que também está sob escrutínio da política monetária, a projeção aumentou de 3,77% para 3,78%. Há um mês, essa mediana era de 3,66%. Já para 2026, a projeção permaneceu estável em 3,60% após altas nos dois boletins anteriores.
A expectativa para 2027 permaneceu inalterada em relação aos últimos 49 boletins.
PIB
No relatório do Banco Central os economistas revisaram a projeção para o PIB de 2024, elevando-a de 2,05% para 2,09%. Essa revisão ocorre após o crescimento de 0,8% registrado pela economia brasileira no primeiro trimestre. Um mês atrás, a projeção era de 2,09%.
Por sua vez, a projeção para 2025 permanece estável em 2% pelo 26º semana consecutiva, assim como a de 2026 que se mantém em 2% pelo 44º semana consecutivo.
Selic
Os analistas continuam projetando a taxa básica de juros Selic em 10,25% para o ano de 2024. Para o ano seguinte, 2025, houve um aumento na expectativa, subindo de 9,18% para 9,25%. Já para 2026, a projeção permaneceu estável em 9%.