
Nesta “Super Quarta”, todas as atenções se voltam para Brasília e Washington. O Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fed (Federal Reserve) anunciam suas decisões sobre as taxas de juros com impactos diretos no câmbio, na inflação, no crédito e nos investimentos.
Embora o mercado espere decisões previsíveis — alta moderada da Selic e manutenção dos juros norte-americanos — o foco está na sinalização futura de ambos os bancos centrais.
“O grande dilema é se o Banco Central vai elevar a Selic até 15% e, se isso ocorrer, por quanto tempo manterá essa taxa elevada”, afirma Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
O executivo aponta que, embora o movimento de alta esteja precificado, o comunicado do Copom pode mexer com os ativos: “Dessa vez, as explicações do colegiado serão cruciais para o mercado”.
A economista Andressa Durão, do ASA, concorda com essa leitura e reforça que a elevação da taxa Selic para 14,75% pode ser o último ajuste deste ciclo.
“O Comitê deve adotar uma postura dependente dos dados, sem indicar o movimento futuro, mantendo o discurso de cautela”, destaca.
Fed deve manter juros, mas não descarta nova alta
Nos EUA, o mercado já se acostumou com a taxa de juros entre 4,25% e 4,50% desde janeiro. Após três cortes no final de 2024, o Fed optou por pausar o movimento para avaliar os impactos das tarifas comerciais e do desempenho da economia norte-americana.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o presidente do Fed, Jerome Powell, deve “reiterar que não há pressa para ajustar a política monetária”, sustentando que os juros atuais estão adequados ao cenário.
Marcello Carvalho, da WIT Invest, lembra que uma possível mudança na política monetária americana — como um corte ainda que improvável — traria benefícios imediatos ao Brasil: “Caso o Fed inicie um ritmo de cortes, poderemos aumentar ainda mais a atratividade dos ativos de renda fixa brasileiros, atraindo mais dólares e ajudando a reduzir o câmbio”.
Efeitos cruzados: Selic alta + Fed estável = real valorizado
A combinação de um Copom agressivo e um Fed cauteloso cria uma janela de oportunidade para o Brasil no curto prazo.
“Se o BC brasileiro subir os juros e o Fed mantiver a taxa, o diferencial de juros aumenta e torna o Brasil mais atrativo para o investidor estrangeiro”, explica Carvalho.
Na prática, isso significa mais entrada de dólares no país e, consequentemente, um real mais valorizado. Esse cenário beneficia os setores exportadores e contribui para o controle da inflação importada.
“A tendência é de queda na taxa de câmbio, o que também torna mais acessível a aquisição de bens e serviços do exterior pelos brasileiros”, complementa o economista da WIT Invest.