Em mobilização por reajuste salarial e reestruturação de carreira, os servidores do Banco Central decidiram, em assembleia realizada nesta quarta-feira (16), fazer paralisações diárias de quatro horas, das 14h às 18h, a partir desta quinta (17).
Outra decisão tomada na reunião foi que os substitutos de todas as funções comissionadas do BC solicitarão, coletivamente, exoneração de suas posições.
A iniciativa faz parte do movimento nacional do funcionalismo público por recomposição salarial depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenou conceder aumento para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários. A verba disponível no Orçamento para elevar a remuneração dos servidores é de R$ 1,7 bilhão.
No dia 21 de fevereiro, Bolsonaro fez um novo gesto à Polícia Rodoviária Federal e um apelo a outros setores do funcionalismo público. “Espero a compreensão das demais categorias, dos servidores no Brasil”, disse. Antes disso, o presidente havia dito que o reajuste para policiais poderia ficar para 2023, caso não haja entendimento com os demais servidores.
Segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), a categoria espera uma reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nos próximos dias. Outra solicitação dos servidores é que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, envie um ofício ao governo federal cobrando uma resposta concreta sobre os reajustes.
“Se as duas coisas não ocorrerem até a próxima terça, na assembleia de 22 de março, discutiremos imediatamente as propostas de greve por tempo indeterminado e da entrega das comissões na mesma data”, afirmou Fábio Faiad, presidente do sindicato, em nota.
Na última quinta (10), os funcionários da autoridade monetária cruzaram os braços pela quarta vez desde o início do ano, afetando alguns serviços, como o monitoramento de ataques hackers contra chaves Pix.
Houve também atraso no atendimento ao público, bem como adiamento e cancelamento de dezenas de reuniões internas e com integrantes do sistema financeiro nacional. Além disso, a distribuição de cédulas no Rio de Janeiro foi afetada e a divulgação da Ptax, taxa de câmbio calculada pela autoridade monetária, atrasada.
Segundo o sindicato, mais de 60% dos funcionários aderiram à última mobilização. Atualmente, a autarquia conta com 3.500 servidores na ativa.
O primeiro ato ocorreu em 18 de janeiro, quando 50% dos funcionários cruzaram os braços durante duas horas. Na ocasião, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto em frente à sede do órgão, em Brasília, enquanto outros participaram de forma remota.